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quinta-feira, 21 de abril de 2016

DESERTO DE JOÃO BATISTA

Houve um sujeito bastante interessante que conviveu com um deserto pela sua vida toda. Uma das figuras mais excêntricas em toda a Bíblia, de quem pouco se fala e a respeito de quem os detalhes fornecidos são capazes apenas de relacioná-lo com aquele típico profeta estraga-prazeres.

Suas vestes eram fora de moda e rústicas. Sua dieta, um tanto esquisita. Ele cresce e ministra no deserto (Lc 1:80). Ele tem uma vida frugal e no mínimo diferente. Lembra muito o Elias do Velho Testamento, por seus modos não convencionais e pela coragem de denunciar os podres dos palácios. Aliás, assim ele é escatologicamente identificado pelo próprio Senhor Jesus (v.14), de quem também recebe o título de “o maior nascido de mulher”.

Este João, quando lhe perguntavam quem era, tinha uma resposta direta e objetiva, na ponta da língua: “sou apenas uma voz”. Importante para a nossa reflexão é que esta voz clamava justamente no deserto. Apesar de suas credenciais extremamente elevadas, ele nunca pretendeu ser mais do que isso. Nem mesmo quando os outros tentaram a fazê-lo (Jo 1:19-23).

Tinha uma missão bem definida e concentrou todos os seus esforços para cumpri-la. Viveu e ministrou isolado e solitário. Sim, há muitas e boas lições a respeito do deserto na vida de João Batista.

Desertos não preparam celebridades. Primeiro porque elas não gostam do ostracismo. Elas precisam estar na mídia. Quem quer a luz das câmeras apontada para si não pode ir para o deserto. Elas não o alcançarão ali.

Depois de viver e crescer nesse ambiente rude e solitário, João Batista, o maior de todos os profetas estava pronto para dizer: “Convém que ele cresça e eu diminua” (João 3:30). A julgar pelos títulos cada vez mais criativos e pomposos, os atuais “profetas” preferiram a versão do “convém que ele cresça e eu apareça”. Talvez esteja falando um pouco de deserto para essas versões modernizadas de profetas.

Desertos deixam uma marca precisa sobre o valor do tempo e da vida (Mt 3:1,2). João Batista tinha isso como base da sua mensagem (“Arrependei-vos porque o tempo está próximo”), além de ter entrado e saído de cena na hora exata. Ele era um arauto, alguém que precedia o Rei. Uma vez feito o seu serviço, ele ficou na dele. Passou o bastão e os discípulos que tinha e não teve medo de apresentá-los a Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” foi a senha para que todos entendessem claramente que o seu ministério tinha chegado ao fim.

Sem crise, sem ciúmes, sem ressentimentos. Era a prova de que ele tinha aprendido no deserto que as coisas tem que acontecer no momento certo.

Desertos preparam pessoas dispostas a não negociar valores eternos (Mt 14:3-5). Quem vive e trabalha no deserto, depois de tudo que passou ali, saberá manter-se forte o suficiente para não se dobrar diante dos mais poderosos (Mc 6:20).

O deserto forja um caráter provado e uma estrutura forte. Desertos geram mais do que idealistas ou visionários. Desertos geram pessoas com convicções inabaláveis. Não tente subornar quem foi criado no deserto, porque vai se dar mal. Vai ouvir o que não quer e mais um pouco.

Os desertos fizeram parte da vida de gente importante. Desertos foram a moldura, árida, inóspita, cruel até, mas que abrigou verdadeiros tesouros.

Marcos Soares

Por Litrazini


Graça e Paz

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