Essa parábola tem sido mundialmente admirada e interpretada de várias formas.
Por exemplo, muitos comentaristas antigos e modernos, dentre os mais famosos
Agostinho, consideram-na uma alegoria de nossa redenção. O bom samaritano é
Jesus Cristo, nosso Redentor, que nos encontra praticamente mortos, cuida de
nossas feridas, nos entrega à igreja (a hospedaria), dá ao hospedeiro duas
moedas de prata (os sacramentos) e promete retornar.
É uma interpretação engenhosa, mas podemos ao menos
ver o bom samaritano como um retrato do amor redentor. Não temos liberdade, no
entanto, de fazer alegoria de cada detalhe da história.
A palavra, contudo, lança luz sobre aquilo que
significa “amar nosso próximo”.
Primeiro, essa
parábola é uma ilustração do amor.
Por meio de negativas, Moisés dá exemplos do que não
fazemos se amamos verdadeiramente o nosso próximo — não negligenciamos os
pobres; não exploramos trabalhadores; não prejudicamos surdos nem cegos; não
pervertemos a justiça; não usamos falsos pesos e medidas nos negócios; não
damos lugar a ressentimento nem nos vingamos; pois tudo isso é incompatível com
“ame cada um o seu próximo” (Lv
19.18).
Segundo, essa parábola dá uma definição de quem seja o próximo.
De todas as pessoas improváveis, um samaritano foi
quem veio resgatar a vítima dos ladrões. Samaritanos eram odiados pelos judeus,
pois estes os consideravam mestiços raciais e religiosos. No entanto, eis ali
um samaritano fazendo por um judeu aquilo que nenhum judeu sonharia em fazer a
um samaritano.
O verdadeiro amor ao próximo é mútuo. Ele define tanto
quem é o nosso próximo a quem devemos servir, quanto o que significa para ele
sermos o seu próximo.
Embora quase não haja mais samaritanos no mundo hoje, existem muitas pessoas que podemos ser tentados a desprezar e rejeitar. Estou pensando em pessoas de outra raça, cor ou cultura; ou pessoas de outra fé, tais como os muçulmanos.
A parábola de Jesus nos desafia a superar todos os
preconceitos raciais, sociais, sexuais e religiosos. Não estou sugerindo que
comprometamos nossa moral e nossas crenças cristãs, mas que não permitamos que
elas nos impeçam de praticar um amor ativo pelo nosso próximo. Isso é o que “vá e faça o mesmo” (v. 37) irá
significar para nós.
E eis que se levantou um certo doutor da
lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E ele
lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás
ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as
tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E
disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás. Ele, porém, querendo
justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? E, respondendo
Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos
salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o
meio morto.
E,
ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de
largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o,
passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e,
vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas,
deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para
uma estalagem, e cuidou dele; E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e
deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu
to pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo
daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de
misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira. Lucas 10.25-37
Retirado de “A Bíblia Toda, O Ano Todo” (John Stott). Editora
Ultimato, 2007.
Por Litrazini
Graça e Paz
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