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quarta-feira, 13 de março de 2013

O lava-pés


Assim, [Jesus] levantou-se da mesa, tirou sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura... Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos seus discípulos, enxugando-os com a toalha que estava em sua cintura. João 13.4-5

Durante a ceia, Jesus lavou os pés dos discípulos e disse-lhes que seguissem seu exemplo. Alguns cristãos têm reproduzido fielmente essa cerimônia. Papas e patriarcas, reis e rainhas, ainda fazem isso na Quinta-Feira Santa. Algumas igrejas protestantes (por exemplo, os menonitas) também incorporam a lavagem dos pés em seu culto de Santa Ceia. Outros acreditam que Jesus não estava instituindo uma cerimônia, e sim praticando um rito comum à cultura da época. 

Transpondo a fala de Jesus para a nossa cultura, ele nos diz que se amarmos uns aos outros, serviremos uns aos outros, de forma que não há nada que por demasiadamente humilhante não possa ser feito.

O lava-pés, no entanto, foi mais que um exemplo de serviço humilde; foi também uma parábola da salvação. A princípio Pedro se recusou a permitir que Jesus lavasse seus pés. Sendo assim, disse Jesus, o discípulo não poderia ter comunhão com ele. Foi quando Pedro pediu para que também suas mãos e cabeça fossem lavadas, ao que Jesus respondeu: “Quem já se banhou precisa apenas lavar os pés; todo o seu corpo está limpo” (Jo 13.10).

Fica, assim, muito claro que a lavagem era um retrato da salvação e que compreendia duas etapas: primeiro um banho, depois a lavagem dos pés. O costume implícito nessa cerimônia era familiar. Antes de sair para jantar na casa de um amigo, o convidado tomava um banho. Ao caminhar descalço ou de sandálias, seus pés se sujariam de novo. Assim, ao chegar, um escravo lavaria seus pés, mas não haveria necessidade de outro banho

Da mesma forma, quando chegamos a Jesus Cristo por meio do arrependimento e da fé, somos banhados. 

Teologicamente, este banho é chamado de “justificação” (recebimento de uma nova condição) ou “regeneração” (experiência de um novo nascimento), ambos representados no batismo, que não se repete. Depois, mesmo continuando a cair em pecado e nos sujando da lama que há nas ruas imundas do mundo, não precisamos de outra justificação, regeneração ou batismo, e sim de perdão diário, simbolizado por nossa frequência à Ceia do Senhor.

Pedro cometeu dois erros opostos. Primeiro, quando protestou a que Jesus lhe lavasse os pés. Em seguida, ao pedir o banho completo, visto que tudo o que necessitava era ter apenas os pés lavados.

Que Deus nos ajude a compreender essa distinção!

Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim.  E, acabada a ceia, tendo o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse,  Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus, Levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. 

Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois.  Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo.  Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos...”  João 13.1-15.

Retirado de A Bíblia Toda, o Ano Todo – meditações diárias de Gênesis a Apocalipse (John Stott). Editora Ultimato, 2007.

Por Litrazini

Graça e Paz



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