O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. [Lucas 4.18]
Mateus
e Marcos situam a visita de Jesus à sinagoga de Nazaré mais adiante em seu
ministério. Lucas, no entanto, a coloca deliberadamente bem no início de seu
ministério, porque ele a vê como um prenúncio profético da mensagem de Jesus e
de sua rejeição por parte de seu próprio povo.
Jesus
leu os dois primeiros versículos de Isaías 61 e imediatamente afirmou que
Isaías estava se referindo a ele. “Hoje
se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir” (Lc 4.21). Ele era o
Messias, o ungido, que havia sido designado para trazer libertação a quatro
categorias de pessoas — aos pobres, aos cativos, aos cegos e aos oprimidos.
A
questão crucial é se a condição desses grupos é espiritual ou sociopolítica. Há
respostas diferentes. Alguns espiritualizam o evangelho, como se ele oferecesse
somente salvação do pecado. Outros politizam o evangelho, como se ele
oferecesse somente libertação da opressão. Nenhuma dessas posições, no entanto,
é satisfatória, pois nenhuma das duas faz justiça ao texto.
Os que o espiritualizam se esquecem de que Jesus teve comunhão com os
pobres, ao passo que os que o politizam se esquecem de que a palavra grega para
liberdade (v. 18) pode também significar “perdão”.
A única maneira de resolver esse dilema é dizer que ambos estão
corretos, uma vez que Jesus ensinou ambas as coisas. Os pobres no Antigo Testamento eram
pessoas humildes, que clamavam a Deus por misericórdia, e pessoas oprimidas,
que necessitavam ser libertas.
Além disso, “o evangelho vem como boas novas para ambos. Os
espiritualmente pobres, que… se humilham diante de Deus, recebem pela fé o dom
gratuito da salvação… Os materialmente pobres e sem forças encontram, além da
nova dignidade como filhos de Deus, o amor de irmãos e irmãs, que lutarão para
a sua libertação de tudo que os rebaixa e oprime”.
O
que é verdadeiro acerca dos pobres (tanto material quanto espiritualmente) é
também verdadeiro sobre os cativos, os cegos e os oprimidos. O evangelho é boa
nova para eles também em ambos os sentidos.
Então, pela
virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galiléia, e a sua fama correu por
todas as terras em derredor. E ensinava nas suas sinagogas, e por todos era
louvado. E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado,
segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler. E foi-lhe dado o
livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava
escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar
os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, A pregar liberdade aos
cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A
anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao
ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos. Lucas
4.14-21
Retirado de A Bíblia Toda, o Ano Todo [John Stott]. Editora
Ultimato.
Por Litrazini
Graça e Paz
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