Mas nós, devemos sempre dar graças a Deus por
vocês, irmãos amados pelo Senhor, porque desde o princípio Deus os escolheu
para serem salvos mediante a obra santificadora do Espírito e a fé na verdade.” (2 Ts. 2.13)
1. Somos ensinados aqui que Deus é soberano
na escolha das almas que são salvas.
(I) Ele é soberano na escolha de homens e
anjos não rebeldes.
Nós lemos na Bíblia sobre duas grandes
apostasias contra Deus. A primeira ocorreu no céu. Lúcifer, filho da manhã, um
dos mais brilhantes querubins ao redor do trono, se rebelou por orgulho,
juntamente com miríades de santos anjos. “Eles
não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação”. “Pois
Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em
abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo.” (2 Pedro 2.4).
A rebelião seguinte foi no paraíso. O homem
acreditou em Satanás e não em Deus, e comeu do fruto proibido. “Pela desobediência de um só homem foram
todos constituídos pecadores.” Ambas as famílias pecaram contra o mesmo
Deus, quebraram a mesma santa lei, caíram sob a mesma maldição, e foram
condenadas ao mesmo fogo. Mas aprouve a Deus, em infinita compaixão, fornecer
uma forma de perdão para algumas dessas criaturas perdidas. Ele determinou
salvar alguns “para o louvor da glória
da sua graça”.
Mas quem ele salvará – homens ou anjos rebeldes?
Talvez as hostes não caídas do céu implorassem que os seus outrora irmãos
fossem tomados, e os homens abandonados. Eles poderiam ter dito que a natureza
angelical era maior e mais nobre, e que o homem era um verme. “Ó profundidade das riquezas, tanto da
sabedoria como do conhecimento de Deus!” Ele não poupou os anjos. Ele passou pelos
portões do inferno, e não ergueu a cruz do Calvário ali. “Pois é claro que não é a anjos que ele ajuda, mas aos descendentes de
Abraão.” (Hebreus 2.16).
(II) Ele é soberano na escolha dos países
que têm a luz do evangelho.
Todas as nações são igualmente perdidas e vis
aos olhos de Deus. “Ele fez de mesmo
sangue todas as nações dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra.”
E, ainda, quão diferente foi a forma como Ele lidou com diferentes povos.
Por que Deus escolheu Israel para ser um tesouro
peculiar para Si, e lhes entregar oráculos divinos? Foi porque eles eram mais
justos do que os outros?
Não, pois isso é expressamente negado: “Sabe que não é pela tua justiça que Jeová
teu Deus te está dando esta boa terra para a possuíres; porque tu és um povo de
cerviz dura.” (Deuteronômio 9.6). Nem foi por conta de sua grandeza: “O Senhor não tomou prazer em vós nem vos
escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor
de todas as pessoas, mas porque ele o amava” ( Deuteronômio 7.7).
Novamente: por que a China, com seus milhões,
ficou fechada sob muros por séculos, e foi abandonada à escuridão dos seus
ídolos vãos? Por que a Índia foi deixada sob as cadeias cruéis do Hinduísmo?
Por que a África foi praticamente entregue à bruxaria e superstição? Por que o
belo rosto da Europa foi quase entregue às ilusões do homem do pecado, e por
que a nossa própria ilha sombria tem sido escolhida para ser por muito tempo o
mais brilhante repositório da verdade em todo o mundo? Somos melhores do que
eles?
Não, de modo algum. Há pecados cometidos entre
nós que envergonhariam os pagãos. “Seu caminho é de santidade.” “Terei
misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu
quiser ter compaixão.”
(III) Ele é Soberano na escolha das pessoas
mais improváveis para serem
salvas.
Você esperaria que a maioria dos ricos fossem
salvos. Eles têm mais tempo para estudar as coisas divinas, não são molestados
pelos temores da pobreza, pois podem obter todas as vantagens. Contudo, escute
a Palavra de Deus: “não escolheu Deus os
que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé e herdarem o Reino que
ele prometeu aos que o amam?” (Tiago 2.5).
Novamente, você imaginaria que Deus teria
escolhido o sábio e erudito, para ser salvo. O evangelho é um assunto de
profunda sabedoria. A Bíblia foi escrita em línguas antigas, difíceis de serem
alcançadas. E os homens educados geralmente são livres de
preconceitos a que as pessoas comuns estão sujeitas. Contudo, escute a palavra
de nosso Senhor: “Graças te dou, ó Pai,
Senhor do céu e da terra, porque tu ocultaste estas coisas aos sábios e
entendidos, e tu revelaste aos pequeninos. Mesmo assim, Pai, porque assim
pareceu bem aos teus olhos.”
Você imaginaria que certamente Deus salvaria as
pessoas mais virtuosas do mundo. Ele é um Deus de pureza, que ama o que é
sagrado e, embora ninguém seja justo, não, nenhum, alguns são muito menos
manchados pelo pecado do que outros. Certamente ele adquirirá estes. O que diz
o Senhor Jesus aos fariseus? “Os publicanos e as meretrizes entrarão nos céus
antes de vocês.” Jesus deixa que o jovem rico se vá, triste, enquanto o Rei da
glória entra no portão de pérolas da Nova Jerusalém com um ladrão lavado em Seu
sangue do seu lado.
Se a minha alma é salva, não devo dar graças? Se
os ministros são obrigados a agradecer a Deus pela salvação gratuita de seu
povo, quanto mais nós estamos obrigados a louvá-Lo por nos salvar. Eu não sou
melhor do que um anjo rebelde. Demônios nunca rejeitaram a Cristo como eu fiz,
e ainda assim Ele passou por eles e me salvou. Eu não sou melhor do que um
chinês ou um hindu, e, ainda assim, a graça passou por milhões deles e veio até
mim. Eu não era melhor do que a roda de escarnecedores, talvez pior do que a
maioria, mas tenho certeza que posso dizer: “Tu livraste a minha alma do
inferno mais profundo”. Glória a Deus Pai, que me escolheu antes do mundo
existir. Glória a Jesus, que passou por milhões e morreu por mim. Glória ao
Espírito Santo, que veio gratuitamente em amor e me despertou.
2. Somos ensinados aqui que Deus escolhe o
meio, assim como o fim.
“Ele nos elegeu para a salvação, pela santificação do
Espírito, e fé na verdade”. O primeiro passo que Deus escolhe para seu povo
é a “fé na verdade”. Deus não escolhe os homens para saltar de seus
pecados para a glória. Antes, Ele envia gratuitamente o Espírito para ungir os
olhos, derreter seus corações, para persuadir e capacitá-los a abraçar a
Cristo, gratuitamente oferecido no evangelho.
Uma fé simples e sincera na verdade é a primeira
marca de que fomos escolhidos para a salvação. “ Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim.” Eu fui a
Jesus? Então, sei que sou um daqueles que o Pai Lhe deu antes que o mundo
existisse. Eu realmente creio na verdade conforme ela subsiste em Jesus? Então
Deus me escolheu para a salvação.
O segundo passo que Deus escolhe para seu
povo é a “santificação do Espírito”. Está
escrito: “Depois que crestes, fostes
selados com o Espírito Santo da promessa” (Efésios 1.13). No momento em que
a alma se apega ao Senhor Jesus, o Espírito Santo faz Sua morada em nossas
almas; Ele permanece lá para sempre. Ele transforma a gaiola de pássaros
imundos em um templo para o louvor de Jeová. Ele torna a alma toda gloriosa por
dentro. Ele destrói o domínio do pecado, Ele enche, vivifica, renova todo o
homem interior.
Já recebi o Espírito Santo? Há o selo celeste em
meu coração, inculcando-me as características e a mente de Jesus? Tenho a
santificação do Espírito?
Então, tenho a clara evidência de que a minha
vocação e eleição são certas. Eu posso olhar para a minha eleição antes que o
mundo existisse, e adiante para a minha salvação quando tudo se consumar.
Quão tola é a presunção daqueles que dizem: “Se
eu não for eleito, não posso ser salvo, não importa o que eu faça; e se eu sou
eleito, serei salvo da maneira como eu viver”.
A resposta é simples, seja você eleito ou não,
não pode ser salvo sem crer na verdade e ser santificado pelo Espírito. O que
está escrito no livro do Cordeiro da vida, eu não sei, mas o que está escrito
na Bíblia Sagrada, eu sei: “aquele que crê será salvo; quem não crê será condenado”. E
“sem santidade, ninguém verá o Senhor”.
ROBERT MURRAY M'CHEYNE / Traduzido por André
Lima | Reforma21.org
Por Litrazini
Graça e Paz
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