Existe uma opinião popular de que o Cristianismo é uma religião de
proibições. Para
muitos, o maior obstáculo para se tornar um cristão tem a ver com as restrições
à sua liberdade para viver “sua melhor vida agora”. O Cristianismo impediria
esse tipo de vida por ser uma religião de “nãos”. Não se divirta. Não aja como
certas pessoas. Não viva de certa forma. Não vá a certos lugares. Não isso e
não aquilo. Em resumo, os de fora do Cristianismo sentem como se fosse uma
nuvem em seu dia ensolarada, um proverbial “não” para cada “sim”.
Para
ser franco, Deus resumiu os distintivos de Seu povo do pacto no negativo nos
Dez Mandamentos (“Não terás outros
deuses diante de mim; Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão; Não
furtarás; Não dirás falso testemunho; Não cobiçarás; etc). Devemos entender
a vontade revelada de Deus para Seu povo como uma série de baldes de água fria
altamente restritivos?
Nesse
ponto, é instrutivo aprender como Jesus entendia e interpretava o que Deus
queria ao dar os Dez Mandamentos ao Seu povo. Quando os Fariseus e Saduceus
conspiraram juntos para testar Jesus, um deles, supostamente versado na lei de
Deus, perguntou a Jesus qual seria o maior mandamento de todos. Jesus respondeu
“Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o
teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e
primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como
a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”
(Mateus 22.37-40). A resposta que Jesus deu para os líderes religiosos é
confirmado nos relatos dos outros evangelhos, incluindo um encontro particular
com outro mestre da lei em Lucas 10.25-37.
Para
Jesus, os Dez Mandamentos não eram uma listra restritiva de nãos. Era uma
prescrição da melhor forma de amar Deus e amar o próximo. Os quatro primeiros
mandamentos dizem respeito a como amamos Deus com todo nosso coração, alma,
mente e força, e os últimos seis dizem respeito a como amamos nosso próximo
como a nós mesmos. Juntos, eles trazem a promessa do tipo
de shalom que nosso mundo deseja mas não pode ter, à parte de um
relacionamento pactual com o Deus que nos ama tanto.
Entendidos corretamente, os Dez Mandamentos são a forma de Deus nos
mostrar a melhor forma de viver, assim como a melhor forma de amar. Enquanto a
Lei nunca poderá justificar um homem perante Deus, isso não significa que a Lei
é má. De fato,
Geerhardus Vos nos explica que Deus deu a lei, em parte, para que homem viva
uma vida de santa alegria. A base dessa explicação vem da afirmação de Jesus de
que “O sábado foi estabelecido por causa
do homem, e não o homem por causa do sábado”. O Sábado foi criado para o
benefício do homem.
Jesus disse que Seu povo foi chamado para viver uma vida de amor, e essa
vida amorosa é manifesta pela forma com que cumprimos Seus mandamentos. Como o Apóstolo João afirma, “E o amor é este: que andemos segundo os
seus mandamentos. Este mandamento, como ouvistes desde o princípio, é que
andeis nesse amor” (2 João 1.6).
Deus não está nos restringindo ao nos dar seus mandamentos, Ele está nos
apontando para o caminho da justiça por amor de Seu nome. Está nos levando para
calmas águas. Está restaurando nossa alma. Está sendo nosso Pastor, e porque
descobrimos Sua bondade e misericórdia ao nos governar, não deveríamos desejar
qualquer outra vida.
Em Sua bondade, Deus não apenas nos revelou o que o agrada, mas também
nos revelou o caminho de vida aonde há plenitude de alegria. Não há alegria no
assassinato, roubo, falso testemunho e cobiça. Não há vida nos ídolos e na
adoração dos falsos deuses que o mundo coloca à nossa frente. Esse mundo e suas
paixões são passageiras, mas aquele que cumpre a vontade Deus (isso é, obedece
Seus mandamentos) vive para sempre (1 João 2.17).
Ironicamente,
os próprios “nãos” que os não crentes apresentam como objeções à sua liberdade
e prazer no mundo demonstram os maiores e mais verdadeiros prazeres e
liberdades encontrados no conhecimento de Deus e no cumprimento de Sua vontade.
Deus não é contra a sua liberdade. Ele é favorável a ela o bastante para
comprá-la pelo preço de Seu próprio filho. Deus não é contra seu prazer. Ele é
favorável o suficiente para colocar a maldição do pecado sobre a única pessoa
que o agradou completamente para que pudéssemos conhecer o prazer da salvação e
as riquezas de sua amável aceitação.
Jesus disse que o mundo saberia quem são Seus discípulos pela forma com
que amamos uns aos outros (João 13.34-35). O mundo irá ver esse amor em uma
comunidade do pacto que vive sob o governo do Rei Jesus, que nos mostrou que os
Dez Mandamentos não são realmente restrições, mas brilhantes facetas do
diamante de Seu amor.
Mostremos ao mundo qual é verdadeiramente a melhor forma de viver, e a
melhor forma de viver como aqueles que são verdadeiramente livres.
TIM
BRISTER / Traduzido por Filipe Schulz | Reforma21.org
Por Litrazini
Graça
e Paz
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