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sábado, 25 de outubro de 2014

FÉ E OBRAS

De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo?  (Tiago 2.14).

Muitos supõem que Tiago e Paulo tinham opiniões diferentes sobre o tema da justificação, ou, em outras palavras, como os pecadores poderiam ser aceitos e considerados justos aos olhos de Deus.

Por conta dessa aparente discórdia teológica, Lutero excluiu a carta de Tiago do cânon de seu Novo Testamento por considerá-la uma “carta de palha”.

Há uma aparente discordância entre esses dois apóstolos. Enquanto Paulo ensina que “o homem é justificado pela fé, independente da obediência à Lei” (Rm 3.28), Tiago escreve: “Vejam que uma pessoa é justificada por obras, e não apenas pela fé” (Tg 2.24). Entretanto, ambos citam Abraão como exemplo, em apoio aos seus argumentos.

A discordância, no entanto, é mais imaginária que real. Paulo e Tiago exerceram ministérios diferentes, mas não pregaram uma mensagem diferente. Eles proclamaram o mesmo evangelho, mas com ênfases distintas. Eles enfatizaram coisas diferentes porque seus opositores eram diferentes.

Paulo enfrentou oposição dos judeus legalistas ou judaizantes, que pregavam a justificação pelas obras, em obediência à Lei. Os oponentes de Tiago, por outro lado, eram intelectuais judeus, que defendiam a justificação pela fé, mas baseada numa rígida ortodoxia.

Paulo insistiu com os judaizantes que a justificação não era pelas obras, mas pela fé, enquanto Tiago insistiu com os intelectuais que a justificação não dependia de uma fé ortodoxa (pois os demônios também creem, e estremecem!), mas de uma fé viva.

Ambos os apóstolos esclareceram o significado da fé autêntica, a saber, que ela é uma fé viva, atuante. “Eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras” (Tg 2.18); “a fé que atua pelo amor”, escreveu Paulo (Gl 5.6). Não podemos ser salvos pelas obras, no entanto, não podemos ser salvos sem elas.

O papel das obras não é obter a salvação, mas evidenciá-la; não é tentar conseguir a salvação, mas confirmar que somos salvos. Paulo e Tiago ensinaram que a fé autêntica produz obras, porém Paulo enfatizou a fé que resulta em obras, enquanto Tiago enfatizou as obras que resultam da fé. Ambos concordavam que a fé sem obras é morta.

Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e nào lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?

Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o creem, e estremecem. Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.

Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé. E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários, e os despediu por outro caminho? Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta. (Tg.2.14-26)

Retirado de A Bíblia Toda, o Ano Todo [John Stott]. Editora Ultimato.


Por Litrazini
http://www.kairosministeriomissionario.com/

Graça e Paz


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