“Mas ele,
[Estêvão,] estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a
glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus; E disse: Eis que vejo os
céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus” (Atos
7:55-56).
Deus
se revela em Sua Santa Palavra como sendo único. E não só isso: proíbe seu povo
de seguir outro deus que não seja Ele mesmo (Êxodo 20,3). Entretanto, a mesma
Revelação nos apresenta três Pessoas com atributos divinos: o Pai, o Filho e o
Espírito Santo.
O fato de crermos em um Deus que subsiste em três Pessoas Divinas tem
gerado controvérsias, ceticismo, debates infindáveis e até mesmo inquisição ao
longo da história. Entretanto,
é um assunto importantíssimo e que todo cristão precisa tê-lo muito bem
definido, afinal, precisamos defender nossa fé de modo racional e lúcido.
A palavra “Trindade” (em latim, trinitas) aparece pela
primeira vez no século III em um escrito de Tertuliano onde este se referia à
Divindade revelada nas Escrituras em resposta às doutrinas unicistas da época. Mas fica evidente tanto nos
relatos históricos quanto no registro bíblico que os primeiros cristãos já
estavam resolvidos quanto à natureza triuna de Deus quando lemos as muitas
passagens que afirmam a divindade do Pai, que é Deus (Efésios 4,6; Filipenses
2,11), distinto de Jesus, que também é Deus, Filho de Deus, distinto do Pai
(João 20,28; 2 Pedro 1,1; Mateus 16,16; João 20,17; 2 Coríntios 1,2), e do
igualmente Divino Espírito Santo, que procede do Pai (Salmos 51,11; João 15:26;
2 Timóteo 1:14 ).
A promessa de que a Trindade estaria presente na Igreja de Deus é clara
quando Jesus afirma que “se alguém me
ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos
nele morada” (João 14:23) e no mesmo Evangelho afirma: “Eu e o Pai somos
um” (João 10:30).
Mas
talvez a dificuldade de entender isso se deva por dois fatores: primeiro porque
meditar na natureza divina exige um alto grau de abstração; segundo por que
costumamos confundir o conceito de Deus com o conceito de Pessoa. Deus criou o
homem à Sua imagem e Semelhança, mas creio que isso se refira ao sermos
“pessoas”, não refere à deidade. Não somos deuses.
O Conceito de “Deus” é algo que vai além de qualquer coisa que possamos
imaginar, já que não temos um histórico em nossas experiências pessoais,
científicas ou filosóficas com algo semelhante a Deus. Ele é Único, não há outro semelhante
na Criação (Deus não criou nada com natureza semelhante à dEle) e tudo o que
nos foi revelado sobre a Divindade certamente não representa a totalidade do
que Ele realmente “É”; o conceito de pessoa, por outro lado, pode ser
encontrado mais profundamente em termos filosóficos.
John Locke nos ajuda a compreendê-lo distinguindo “pessoa” de
“homem”. “Homem”
se refere a uma espécie do reino animal; “pessoa” se refere ao indivíduo, é o
termo que dá a distinção entre homem e homem. A pessoa é o ser que tem
consciência de si e de seus atributos, que se manifesta moralmente e se
distingue socialmente. Isso nos distingue dos animais, pois eles não são
pessoas.
Um homem um dia foi uma criança e futuramente será um idoso e neste
passar dos anos seu corpo sofre mudanças. Mas, embora as mudanças biológicas no
corpo, a mesma pessoa permanece durante a vida. Essa distinção entre
homem e pessoa ajuda a resolver o problema da ressurreição dos mortos. Conforme
1 Coríntios 15, 35-50, na ressurreição dos mortos, teremos um corpo espiritual,
incorruptível e glorificado, a partir do corpo corruptível que ora ostentamos,
semelhantemente ao processo ocorrido com o Senhor no terceiro dia após a
Crucificação. Mesmo assim, embora em um novo corpo, teremos conservada nossa
identidade, porque a pessoa ressurreta será a mesma pessoa eleita que um dia
creu em Jesus e foi Salvo pela Sua Graça.
Este
mesmo raciocínio que distingue “homem” de “pessoa” ajuda a distinguir “pessoa”
de “Deus”. O Pai, o Filho e o Espírito se auto-afirmam, têm consciência de Si,
se distinguem um do outro e são sujeitos Divinos ativos na Eternidade. São
Pessoas, portanto. Cada um deles é Deus e a união dos três “É” Deus (ver Êxodo
3,14). Eles não se distinguem como Divindade, apenas como pessoas.
E como vimos acima, o conceito de “Deus” extrapola o conceito de “Pessoa”,
da mesma forma que o conceito de “Pessoa” extrapola o conceito de “Homem”. Por isso podemos falar em
três Pessoas, mas nunca em três deuses. O Pai, o Filho e o Espírito estão
eternamente inseparáveis operando a Soberana Vontade Divina.
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o
amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém” (2 Coríntios 13,14)
“Ao único Deus
sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para
todo o sempre. Amém” (Judas 1,25).
Fabrício Mateus de Mello
Por Litrazini
http://www.kairosministeriomissionario.com/
Graça e Paz
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