Existem várias expressões bíblicas que se referem a “dançar” e “bailar”.
Contudo,
nenhuma passagem das Escrituras fala de “dançar no Espírito”. Esta frase é
nova. Não é bíblica nem teológica. Somos informados pelas Sagradas Escritoras
que os povos antigos manifestavam seus sentimentos por meio das danças.
Após uma grande vitória de seus maridos ou parentes, quando voltavam das
batalhas em defesa de suas vidas ou da pátria, as mulheres, incluindo esposas e
filhas, saíam ao encontro dos vitoriosos com cânticos e danças (Juízes
5.11,34). Miriã,
a profetisa irmã de Arão e e Moisés, e todas as mulheres libertas do cativeiro
egípcio, celebraram a passagem do Mar Vermelho “com tamboris e com danças” (Êxodo 15.20). Em tempos remotos,
havia uma celebração ao Senhor em Israel e as filhas de Israel saíam a dançar
em ranchos celebrando a “solenidade do Senhor em Siló” (Juízes
21.19-21).
Davi, após conduzir a Arca da Aliança da casa de Obed-Edom até a cidade
de Jerusalém, ia “bailando e
saltando diante do Senhor” (2Samuel 6.16). Com o passar do tempo, essa prática
tornou-se comum em Israel. Jeremias fala que depois de uma bem-sucedida
colheita “a virgem se alegrava na dança” e “também os mancebos e
os velhos” celebravam da mesma maneira (Jeremias 31.13). Também em suas
Lamentações o profeta acrescenta:“Cessou
o gozo de nosso coração; converteu-se em lamentação a nossa dança” (Lamentações
5.15).
Parece que os profetas de Baal, durante sua cerimônia sacrificial,
usavam uma espécie de música aos gritos e dança aos saltos ao redor do altar
(lReis 18.26). Do
lado sensual, havia também em Israel a conhecida “dança do ventre”, que ainda
hoje é praticada com frequência no Oriente Médio. As filhas de Sião, quando
perderam o temor a Deus, adicionaram ao seu andar a dança do ventre – o que foi
severamente condenado pelo Senhor (Isaías 3.16). Salomé, a filha de Herodias,
dançou também dessa maneira (Marcos 6.22).
No
Novo Testamento, em algumas de suas passagens, a música e as danças
encontram-se em evidência, sendo praticadas nas solenidades judaicas. Jesus
comparou a situação de seus dias com aqueles que diziam: “Tocamo-vos flautas, e não dançastes” (Mateus
11.17). O irmão do filho pródigo ficou indignado quando ouviu e viu “a
música e as danças” para seu irmão (Lucas 15.25). Entre as nações
semíticas, as danças sagradas eram observadas tanto por homens como por
mulheres, mas, pelo que parece, nunca se apresenta homens dançando com
mulheres.
Existem inúmeras recomendações bíblicas dizendo que os santos devem se
alegrar no Senhor (SaImo 32.11) e servir a Ele com alegria (SaImo 100.2). Maria, a mãe de Jesus, foi
uma jovem santa do Novo Testamento. Ela agradeceu a Deus dizendo: “A minha alma engrandece ao Senhor, e
o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc 1.46-47), mas não
existe nenhuma recomendação no Novo Testamento, que é o manual de orientação
para a igreja cristã na dispensação da Graça, dizendo que se deve “dançar no
Espírito”.
Além
disso, certas danças que existem por aí, em certos meios evangélicos, não são
espontâneas, mas ensaiadas com antecipação e apresentadas ao público como
“dançar no Espírito”. Por outro lado, existem também aqueles que aproveitam os
momentos festivos e neles procuram extravasar suas emoções e euforias, além das
regras pré-estabelecidas pela sobriedade e ética cristã.
Paulo
fala de “orar no Espírito”, “bendizer no Espírito” e “cantar no Espírito”, mas
jamais de “dançar no Espírito”. Não ignoramos as manifestações do Espírito
Santo no meio do povo de Deus. Sabemos que em alguns momentos não é fácil mesmo
se controlar diante do derramamento do poder de Deus. Contudo, a sabedoria
divina nos ensina, que via de regra, quanto mais o cristão está cheio do
Espírito, mais controlado ele fica, pois a manifestação do Espírito traz ao
crente o amadurecimento e a sobriedade cristã.
Descontrole não é sinal de estar totalmente controlado pelo Espírito de
Deus.
Há outras maneiras mais suaves, dentro do campo da ética, de se agradecer
a Deus pelo seu amor e bondade, do que certas práticas extravagantes que podem
até despertar a curiosidade carnal.
Pr. Severino Pedro da Silva
Por Litrazini
Graça e Paz
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