A
LEI INSCRITA NA MENTE E NO CORAÇÃO (Jer 31.33)
Quando lemos o Sermão do Monte, em Mateus 5 a 7, costumamos pensar
que estamos diante de um novo código de leis, que nos foram dadas por Jesus
Cristo para cumprirmos em complemento aos mandamentos da Lei de Moisés.
Todavia,
a intenção de nosso Senhor Jesus Cristo não foi esta, mas a de revelar quais
são as características pessoais e circunstâncias que acompanharão aqueles que
foram tornados cidadãos do reino dos céus, por meio da fé nEle, e por terem
nascido de novo do Espírito Santo.
Ali
está descrito sobretudo, quais são as atitudes, pensamentos, ações e o programa
de vida de um cristão amadurecido.
Dizemos amadurecido, porque ninguém amará seus inimigos, perdoará seus
ofensores, orará pelo bem dos que lhe perseguem, e bendirá os que lhe
amaldiçoam, ou ainda, não reclamará o que se considera seus direitos legítimos
quando sofrer injustiças, caso não tenha feito progresso no crescimento na fé,
na graça e no conhecimento pessoal de Jesus Cristo, sendo e agindo como o Seu
Mestre.
A glória de
Deus é ser amoroso, misericordioso, longânimo, bondoso, perdoador, para com
todos, inclusive para com os piores pecadores.
E assim como Ele é, importa que sejam aqueles que se tornaram seus
filhos amados, por meio da fé em Cristo.
Então o Senhor
delineou no Sermão do Monte, quais são as características essenciais que
estarão presentes naqueles que se converterem a Ele, como resultado do fruto do
Espírito Santo, que operou neles a regeneração (novo nascimento espiritual) e a
santificação (mortificação das obras da carne e revestimento das suas virtudes
divinas). Cristãos amadurecidos não são dominados por amarguras, iras,
contendas, gritarias, glutonarias, e todas as demais obras da carne que são
nomeadas na Bíblia.
Cristãos
amadurecidos são longânimes, como Deus é completamente longânime. São amorosos,
como Deus é amoroso. São misericordiosos, como Deus é misericordioso. Não são
legalistas, moralistas, acusadores, mas promotores do amor, da paz, do perdão,
da oferta da justiça de Cristo para a justificação dos que se encontram presos
às amarras do pecado. São tardios para se irar e para falar, e prontos para
ouvir, porque sabem que a ira do homem não promove a justiça de Deus, mesmo
quando esta ira é motivada pela defesa dos princípios de Deus contra o pecado.
A propósito, era justamente isto o que Tiago queria ensinar quando
escreveu a epístola que leva o Seu nome. Ele indicou a necessidade de se
aprender a ser paciente e longânime, debaixo das mais variadas provações,
porque estas visam ao aperfeiçoamento espiritual do cristão, para que seja
conformado ao caráter amoroso, longânime, bondoso e paciente do próprio Deus.
Não estava portanto escrevendo uma cartilha de bons modos, ou de procedimentos
sociológicos e psicológicos para sermos bem sucedidos em possíveis demandas e
disputas com o nosso próximo, por nos mantermos serenos e calados.
O
que ele tinha em foco, tal como o Seu Senhor no Sermão do Monte, era muito mais
profundo e significativo do que isto. A semelhança com Jesus Cristo em tudo.
Este é o alvo principal. A vida de Cristo manifestada no comportamento do
cristão. Este é o ponto central. E isto não é obtido por mero conhecimento
intelectual da vontade revelada de Deus nas Escrituras. Tem a ver com
experiências reais transformadoras da graça de Jesus, do poder do Espírito
Santo, dando-nos um novo coração e um crescimento progressivo na obtenção das
virtudes espirituais do próprio Deus.
Foi
para esta exata imagem e semelhança com o caráter santo de Deus que o homem foi
criado por Ele. De modo que saberemos que temos sido aperfeiçoados em tal
caráter, quando virmos as realidades afirmadas no Novo Testamento, sendo
implantadas no nosso viver diário, especialmente pela forma como agimos nas
situações que nos são adversas.
Então temos estas leis, se é assim que devemos considerá-las (porque são
inscritas por Deus na nossa mente e coração, ou seja, farão parte da nova
natureza recebida pela fé), como as leis principais que devemos observar e
praticar: a do amor a Deus, à Sua Palavra e ao próximo; a da paciência na
tribulação; a da longanimidade na provocação; a da fé e do ânimo constante nas
aflições; a da mansidão, da paz de mente e coração nas perturbações.
Na
verdade, nada disto se obtém por uma simples vontade de cumprir a lei ou o
mandamento, mas por uma andar constante no Espírito Santo, debaixo de um temor e
amor real a Cristo.
Gál 5:16-25: Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à
concupiscência da carne. Porque
a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são
opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso
querer. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a
lei. Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza,
lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras,
discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas
semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos
preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam. Mas
o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há
lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas
paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no
Espírito.
Pr. Silvio Dutra
Por Litrazini
Graça e Paz
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