O
monte está quieto agora. Não tranquilo, mas quieto. Pela primeira vez em todo o
dia não há barulho. O clamor começou a diminuir quando a escuridão - aquela escuridão
enigmática do meio-dia - baixou. Como a água extingue o fogo, as sombras
extinguiram a zombaria. Sem mais insultos. Sem mais piadas. Sem mais sarcasmo.
E, com o tempo, sem mais escarnecedores. Um a um, os espectadores se viraram e
começaram a descer.
Isto
é, todos os espectadores exceto você e eu. Nós não fomos embora. Nós viemos
para aprender. Então nós permanecemos na penumbra e ouvimos. Nós ouvimos os
soldados amaldiçoando, os transeuntes questionando e as mulheres chorando. Mas
acima de tudo, nós ouvimos o trio de homens moribundos gemendo. Gemidos roucos,
ásperos e secos. Eles gemiam com cada balanço da cabeça e com cada giro das
pernas.
Mas
enquanto os minutos se tornavam horas, estes gemidos diminuíam. Os três
pareciam mortos. Se não fosse pela respiração ofegante, você teria pensado que
eles estavam mortos.
Então
ele gritou. Como se alguém tivesse puxado o seu cabelo, a parte de trás da sua
cabeça bateu contra a placa com o seu nome, e ele gritou. Como um punhal corta
a cortina, o seu grito cortou a escuridão. Ficando tão reto quanto os pregos
permitiam, ele gritou como alguém chamando por um amigo perdido, “Eloí!”
A
sua voz estava rouca e áspera. Reflexos da chama da tocha dançavam em seus
olhos dilatados. “Meu Deus!”
Ignorando
o vulcão da dor em erupção, ele se impulsionou para cima até que os seus ombros
ficassem mais altos do que as suas mão pregadas. “Por que me abandonaste?”
Os
soldados olharam fixamente. O choro das mulheres cessou. Um dos fariseus zombou
sarcasticamente, “Ele está chamando Elias”.Ninguém riu.
Ele
gritou uma pergunta aos céus e você meio que esperava que o céu gritasse uma
como resposta.
E
aparentemente gritou. Pois o rosto de Jesus suavizou e um alvorecer da tarde
raiou quando ele falou pela última vez. “Está
consumado. Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”.
Quando
ele deu o seu último suspiro, a terra tremeu inesperadamente. Uma rocha rolou e
um soldado tropeçou. Então, tão rapidamente quanto o silencio foi quebrado, o
silêncio voltou.
E
agora tudo está quieto. A zombaria cessou. Não há ninguém para zombar.
Os
soldados estão ocupados com a tarefa de retirar os mortos. Dois homens
chegaram. Bem vestidos e bem intencionados, o corpo de Jesus é dado a eles.
Pr. Max
Lucado
Por
Litrazini
Graça
e Paz
Nenhum comentário:
Postar um comentário