Os
mandamentos de Cristo não são sem propósito nem arbitrários. Não nos cabe
discutir uma ordem superior. Se ensinamos aos nossos filhos que não é legítimo
questionar ordens de superiores, sejam dos próprios pais ou de
professores, patrões, governos, etc, porque a autoridade sobre nós constituída
é ministro de Deus (Rm 13:1-2; Ef 6:1-2, 5-7, etc), com que direito podemos
questionar um mandamento emanado do próprio Senhor da igreja?
Aos
apóstolos e discípulos Seus, Jesus disse: Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos
tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do
século (Mt 28:19-20).
Batizar
os primeiros discípulos e ensinar-lhes “a guardar todas as coisas” que Jesus
tinha ordenado só os apóstolos poderiam fazer, porque só eles receberam essa
autoridade e só eles receberam de Jesus os ensinamentos, tanto aqueles
que Ele lhes tinha dado pessoalmente, durante Seu ministério terreno, como os
que deu mais tarde, por revelação do Espírito Santo, para que escrevessem as
Escrituras do Novo Testamento.
Jesus
tinha prometido isso a eles, conforme João 14:26: mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome,
esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho
dito” e 16:12-14: Tenho ainda
muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier,
porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não
falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas
que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e
vo-lo há de anunciar.
Os
apóstolos estabeleceram a igreja com oficiais e governo e a implantaram em,
praticamente, todas as regiões do mundo conhecido. Não só nos campos
mencionados em Atos dos Apóstolos e nas epístolas, mas conforme a
tradição, em vários outros lugares como a Índia, a Etiópia, etc, etc.
A
partir dos apóstolos, o trabalho missionário passou a ser função essencial da
igreja, parte da sua própria natureza. É interessante que não encontramos os
apóstolos dando um outro mandamento, semelhante ao de Cristo, em seus escritos.
Encontramos sim, o testemunho de que estavam cumprindo a sua tarefa de
“pregar”, porque esse foi o mandamento que receberam (cf. At 5:42; 16:6; Rm
15:20; 1 Co 1:17; 9:16; 2 Co 2:12; Ef 3:8, Tt 1:3etc.).
Mas
nem por isso a igreja do período apostólico deixou de ser missionária. Em Atos
8:4 lemos que, entrementes, os que foram
dispersos iam por toda parte pregando a palavra. A igreja não precisou de
outro mandamento. Entendeu que aquele, dado aos apóstolos, se aplicava a ela
também e apenas seguiu o exemplo dos que iniciaram e estabeleceram esse
trabalho.
Isto
também não quer dizer que os apóstolos não ensinaram a igreja sobre a sua
tarefa de agente do Reino. Paulo ordenou a Timóteo que ensinasse a homens fiéis
que pudessem, por sua vez, ensinar a outros: E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso
mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros (
2Tm 2:2).
É
assim que a igreja vem aprendendo e transmitindo o ensinamento de Cristo. Pedro
disse que nossa tarefa, como raça eleita e sacerdócio santo, é proclamar as
virtudes de Deus: Vós, porém, sois raça
eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a
fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa
luz (1 Pd 2:9).
A
igreja só pode cumprir sua tarefa de ensinar a outros e proclamar as virtudes
daquele que a redimiu se estiver presente entre os homens, em todos os lugares,
e essa presença se faz através da sua expansão. E a sua expansão foi o motivo
da ordem “Ide e fazei discípulos
de todas as nações”.
João
Alves dos Santos
Por
Litrazini
Graça
e Paz
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