O
apóstolo Paulo, da primeira prisão de Roma, escreve para Filemon e diz acerca
de si mesmo: “Paulo, o velho e, agora,
até prisioneiro de Cristo Jesus” (Fm 9). Esse grande bandeirante do
Cristianismo, depois de passar três anos na Arábia, ser perseguido em Damasco,
rejeitado em Jerusalém e esquecido em Tarso, agora é chamado por Deus para a
obra missionária. Realiza três viagens e planta igrejas nas províncias da
Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia Menor.
Ao
viajar para Jerusalém, para levar oferta aos pobres da Judeia é preso e jurado
de morte. De Jerusalém é transferido para Cesaréia Marítima, quartel general de
Roma em Israel, e passa dois anos detido, sob forte acusação dos judeus, sob a
égide dos governadores Félix e Festo. Em virtude da inclinação de Festo para
entregá-lo ao sinédrio para granjear apoio político dos judeus e sabendo que o
sinédrio tramava sua morte à traição, usando seu direito de cidadão romano,
exigiu ser julgado em Roma, diante de César.
Depois
de uma viagem turbulenta e o enfrentamento de terrível naufrágio, Paulo chega
em Roma. Chega não como sonhara chegar. Chega algemado, e nessa prisão fica
dois anos, período em que vê a igreja sendo despertada pelo seu exemplo. Vê,
ainda, toda a guarda pretoriana, os soldados de elite do imperador, sendo
evangelizados.
Em
vez de capitular-se ao desânimo nessa prisão, escreve cartas abençoadoras às
igrejas de Éfeso, Filipos e Colossos e ainda uma carta pessoal a Filemon. É
nessa epístola a esse homem que hospedava a igreja de Colossos em sua casa, que
o veterano apóstolo refere-se a si mesmo como Paulo, o velho.
A
velhice de Paulo não foi um sinal de fraqueza, mas de robusta experiência. Ele
não ensarilhou as armas nem tirou do mastro sua bandeira. Ao contrário, lutou
ainda com mais denodo pela causa do evangelho.
Dessa
prisão ele saiu para realizar a quarta viagem missionária. Deixou Timóteo em
Éfeso, Tito em Creta, passou por Nicópolis e mui provavelmente foi à Espanha
como era seu desejo. Nesse tempo, começa a perseguição romana contra a igreja,
sendo os crentes acusados de agentes do incêndio do Roma. Paulo foi preso
novamente e dessa prisão saiu para o martírio.
O
velho apóstolo, não deixou herança; apenas cicatrizes. Não ajuntou riquezas na
terra, mas acumulou rico tesouro no céu. Não pautou sua vida pela busca de
conforto pessoal, mas doou-se, sem reservas, para que o evangelho chegasse a
todos os gentios. Mesmo suportando solidão, abandono, traição, privação e
ingratidão no final da vida, não fechou as cortinas de sua história com
amargura na alma, mas com um cântico de exaltação a Cristo em seus lábios.
A
velhice, conforme a avaliação do grande evangelista Billy Graham, não é para os
fracos. Chegar à velhice é um privilégio, mas as rugas nem sempre são um sinal
de vitória. Muitos acumulam apenas anos e chegam diante de Deus de mãos vazias,
com o coração cheio de remorso pelas oportunidades perdidas.
Muitos
investem apenas em si mesmos e não fazem qualquer semeadura para abençoar
outras pessoas. Outros chegam não com as cicatrizes do sofrimento pelo
evangelho, mas com os troféus de palha que conquistaram para a sua própria
promoção.
A
velhice de Paulo não o livrou da prisão, mas suas cãs inspiram ainda hoje
multidões a andarem com Deus. Suas cicatrizes custaram-lhe gemidos e lágrimas,
mas motivam milhares ainda hoje a dar sua vida por Cristo. Seu legado não
matricula os homens na escola do enriquecimento, mas estimula uma vasta
multidão a não considerar a vida preciosa para si mesma, mas a completar a
carreira que recebeu do Senhor Jesus, para testemunhar o evangelho da graça.
Que
Deus nos ajude a semear na vida com exultação ou mesmo com lágrimas, para que,
na velhice, possamos nos apresentar diante de Deus, trazendo em nossas mãos
farturosos feixes!
Hernandes Dias Lopes
Por
Litrazini
Graça
e Paz
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