A
prática da restauração é a arte de nos colocarmos contritamente nas mãos do
divino Oleiro para que ele refaça o vaso quebrado e lhe dê a forma e a beleza
anteriores, depois de qualquer escorregão e queda, depois de qualquer período
de frieza espiritual e crise existencial, depois de qualquer escândalo e
desastre de natureza religiosa, depois de qualquer aborrecimento com a igreja
militante e ressentimento ou revolta contra Deus.
O
estado quebrado em que se encontra o crente pouco ou muito tempo depois de um
fracasso, grande ou pequeno, não é necessariamente seu estado final. Deus
deixou essa certeza impressa nos olhos e na memória do profeta Jeremias ao
levá-lo à casa de certo oleiro, em cujas mãos havia um vaso que se estragou.
Em
vez de jogar fora o vaso estragado, o oleiro o refez, moldando outra peça com o
mesmo barro. Em seguida, o Senhor perguntou ao profeta: “Não podereis eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel?
eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de
Israel” (Jr 18.6).
VASOS
QUEBRADOS
São
os vasos quebrados que precisam parar nas mãos do divino Oleiro para serem
outra vez modelados. Embora igualmente desintegrados e esvaziados do resplendor
antigo, nem todos os vasos têm a mesma história. Certamente eles se enquadrarão
em um ou mais de um dos seguintes danos ou ocorrências:
PERDA DO
PRIMEIRO AMOR
Você
está no fundo do poço porque perdeu gradativamente o entusiasmo, perdeu o gosto
pela leitura da Bíblia, perdeu a vontade de orar, perdeu o gozo da comunhão com
Deus, perdeu a força da esperança cristã, perdeu a capacidade de crer, perdeu o
poder da fé. Tornou-se frio, insensível, incrédulo e apático. Você trocou a
Casa do Senhor (Sl 122.1) pela sua casa.
PERDA DAS
OBRIGAÇÕES MORAIS
Você
está no fundo do poço porque se desobrigou gradativamente dos mandamentos de
Deus. Você se soltou. Fez concessões à carne, ao mundo e ao diabo. Em vez de
não se conformar com este mundo (Rm 12.2), você passou a não se conformar com a
obrigação imposta por Jesus de negar-se a si mesmo (Lc 9.23). Você trocou o
fruto do Espírito pelas obras da carne (Gl 5.16-24).
PERDA DA
PUREZA DOUTRINÁRIA
Você
está no fundo do poço porque foi se distanciando gradativamente do compromisso
doutrinário. Tudo começou quando você perdeu a noção da autoridade da Palavra
de Deus. A partir daí você passou a crer no Jesus histórico, e não no Verbo que
se fez carne (Jo 1.14). Você passou a crer na reencarnação dos vivos, e não na
ressurreição dos mortos. Você passou a sobrecarregar cada vez mais os homens e
a dispensar cada vez mais o concurso de Deus. Você trocou a glória de Deus pela
glória dos homens, trocou a fé pelas obras.
PERDA DO
SENSO DE DEPENDÊNCIA
Você
está no fundo do poço porque se envaideceu gradativamente até ao ponto de
acreditar que não precisa mais da sabedoria de Deus, da sua graça, do seu
poder, da sua presença. Você pode tudo, você dá conta de tudo, você está sempre
certo, a última palavra é sua. Você não é a vara, mas a própria videira (Jo
15.5). Você trocou a plenitude de Deus pela plenitude do seu próprio eu.
CAPACIDADE DO
RESTAURADOR
Basta
passar os olhos na história da redenção para você descobrir ou redescobrir a
capacidade sem medida do Restaurador. Não importa o tamanho dos estragos. Nem
as diferentes áreas em que se deram os estragos.
RESTAURAÇÃO
FÍSICA
Deus
restaura a saúde ao doente (Is 38.16), a vista ao cego (Lc 18.42), a fala ao
mudo (Mc 7.35) e o juízo ao endemoninhado (Mc 5.15.) Devolve à posição ereta a
mulher por dezoito anos encurvada (Lc 13.13). Restaura a mão até então
ressequida (Lc 6.10.).
RESTAURAÇÃO
ESPIRITUAL
Deus
restaura o homem da queda e do pecado, justificando-o, santificando-o e
glorificando-o. Ressuscita-o de entre os mortos. Dá-lhe corpo novo, revestido
de incorruptibilidade e de imortalidade (1 Co 15.53). Torna-o igual a Jesus
Cristo (Rm 8.29-30; 2 Co 3.18; Fp 3.20-21; 1 Jo 3.2).
RESTAURAÇÃO
DO CULTO
Deus
restaura o altar, o tabernáculo, o templo, os muros e a cidade de Jerusalém, as
tribos de Israel e a glória de Jacó (Ne 2.2). Restaura a sorte de Judá e de
Israel, edificando-os como no princípio (Jr 33.7).
RESTAURAÇÃO
ECOLÓGICA
Deus
restaura o planeta que o homem poluiu e estragou. Estende outra vez a camada de
ozônio. Despolui rios, lagos, mares, praias e oceanos. Replanta a flora e
recria a fauna. Cria novos céus e nova terra (2 Pe 3.13). Redime a criação do
cativeiro da corrupção “para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm
8.21).
RESTAURAÇÃO
FINAL
Deus
em Cristo tira o pecado do mundo, refaz o que o homem fez de errado. A história
não termina com a notícia de que “por um só homem entrou o pecado no mundo” (Rm
5.12), mas com a notícia de que Jesus é “o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
Transcrito
Por Litrazini
Graça
e Paz
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