Uma breve análise da palavra hipocrisia
faz-se necessária. No grego, a palavra que Jesus usou para descrever os
fariseus e seus colegas religiosos foi hupokrites. No original o termo grego
literalmente significa "aquele que responde", como um orador ou uma
pessoa recitando um poema faria.
O teatro era uma característica importante da
cultura grega dos dias de Jesus. A idéia que a palavra nos dá é de um ator
grego interpretando diferentes papéis no palco. Ele se fantasiava usando várias
máscaras, que ele mudava nos bastidores para divertir a platéia. Ele vinha da
coxia usando uma máscara com um sorriso e contava piadas. A multidão ria
ruidosamente do seu monólogo humorístico, assistindo ao ator correr para fora
do palco para trocar a sua máscara sorridente por outra séria de expressão
trágica.
Com isso o ator voltava recitando falas de
pensamentos solenes e de tristeza e, num sentido, respondia à platéia. Não é
surpresa que o ator fosse chamado de "hipócrita".
Com o tempo, o termo tomou uma conotação mais
negativa e acabou sendo usado por Jesus para expor o fingimento de "duas
caras" dos fariseus.
Aquele tipo de fingimento de ser o que não é
condenado com veemência na Bíblia. Sempre que o nosso Deus aborda a falsa
piedade, a falta de autenticidade, a dissimulação ou a duplicidade de caráter,
Ele condena o fingimento.
O Senhor condenou abertamente a hipocrisia em
seu povo através do antigo profeta hebreu, Isaías.
Visto
que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me
honra, mas o seu coração está longe de mim e o seu temor para comigo consiste
só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu, continuarei a fazer
obra maravilhosa no meio deste povo; sim, obra maravilhosa e um portento; de
maneira que a sabedoria dos seus sábios perecerá, e a prudência dos seus
prudentes se esconderá. (Isaías 29:13-14.)
Pouca coisa mudou em milhares de anos desde
que essas palavras foram proferidas. Tenho raiva daquilo que parece ser uma
interminável demonstração de hipocrisia na religião organizada de hoje. E,
francamente, não culpo os incrédulos de fugirem das falsidades religiosas.
Nada melhor do que a autenticidade para
desarmar uma pessoa sem Cristo. Por outro lado, nada causa mais dano à causa de
Cristo do que atitudes, palavras e ações hipócritas de pessoas que se chamam
cristãos.
A região americana da Nova Inglaterra
produziu alguns dos pregadores mais poderosos que essa nação já conheceu. Os
servos mais piedosos de Jesus Cristo foram criados e treinados em instituições
como Harvard, Yale, Princeton e Dartmouth. Essas instituições já se
posicionaram com firmeza contra a onda de secularismo e humanismo da cultura
emergente.
Agora, muitas igrejas e comunidades que se
formaram ao redor dessas universidades, assim como os seminários que elas
patrocinam, estão em decadência religiosa - relíquias espiritualmente ocas de
uma era passada.
Na Europa acontece o mesmo. As catedrais mais
magníficas da Europa que pulsavam com a pregação fiel e poderosa do evangelho
estão virtualmente vazias - símbolos solenes de uma cultura espiritualmente corroída.
O que podemos encontrar no coração dessa
morte espiritual? A hipocrisia. Eram pessoas que louvavam a Deus com lábios,
mas cujo coração estava longe dele. Pouco a pouco as pessoas começaram a sair
da igreja para flertarem com o mundo. Os alunos ficaram em silêncio. O
evangelho ficou mudo.
Não é de se admirar que o apóstolo Paulo
escreveu aos cristãos em Roma com grande fervor e os exortou a "amar sem hipocrisia" (Romanos
12:9). Ele queria que as ações fossem coerentes com as palavras. Ele desejava
que as capas falsas do exterior religioso fossem jogadas fora e trocadas por
uma fé autêntica, vibrante e viva.
Pedro caiu na armadilha da hipocrisia, como
você deve se lembrar. Embora ele pregasse que todos os cristãos, tanto judeus
quanto gentios, fossem um em Cristo, sua conduta enquanto pregava na Antioquia
não combinava com as suas palavras. Ele tinha duas máscaras - ele era um
hupokrítes - e Paulo o expôs com uma exortação contundente (Gaiatas 2:11-14).
A questão é esta: tenha a certeza de que seu amor
é autêntico. Não seja falso. Deixe sempre claro o que quer dizer e seja sério
no que diz. E quando estiver em um grupo, diga as mesmas coisas que disse
quando estava no grupo anterior.
Sempre tenha a certeza de que a sua vida se
encaixa no que você diz que crê. Quando não, admita. Seja corajoso e diga a
verdade!
Certa vez perguntaram a Mark Twain:
"Qual a diferença entre um mentiroso e uma pessoa que diz a verdade?"
De modo sábio, ele respondeu: "Muito simples. Um mentiroso precisa de uma
memória melhor". Uma das minhas expressões favoritas foi criada por um
pastor do interior: "Seja quem você é, porque se você não for quem é, você
é quem não é."
A hipocrisia acontece quando mascaramos a
carnalidade por trás das palavras religiosas. Isso é ser falso.
Quando estivermos lutando contra a
dificuldade da hipocrisia, precisamos ouvir o que Jesus disse a esse respeito e
permitir que Ele defina a maneira que devemos nos conduzir diariamente. Há
muito em jogo para ficarmos entrando e saindo do palco, trocando máscaras. Está
na hora de baixar as cortinas e terminar a encenação.
Extraído do livro Rompendo Dificuldades de
autoria de Charles R. Swindoll
Por Litrazini
Graça e Paz
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