Suponha-se que um dos que ouviram o Apóstolo
Pedro pregar o arrependimento e a remissão de pecados tenha sido tocado no
coração, convencendo-se de pecado, arrependendo-se e crendo, afinal, em Jesus. Mediante
essa fé infundida por Deus, que constitui a verdadeira substância das coisas
que se esperam, a evidência das coisas invisíveis, (Hb. 11.1), na mesma hora
recebe o Espírito Santo, pelo qual ele clama: "Abba, Pai!" (Rm 8.15). Pela primeira vez dá a Jesus,
pelo Espírito Santo, o nome de Senhor (1 Co.12.3), o próprio Espírito
testificando com seu espírito ser ele filho de Deus (Rm. 8. 16).
Agora pode o crente verdadeiramente dizer: "Não vivo eu, mas Cristo é quem vive
em mim; e a vida que eu agora vivo na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus,
que me amou e se entregou por mim" (Gal. 2: 20).
Esta é, pois, a verdadeira essência de sua
fé, a divina evidência ou convicção do amor de Deus o Pai, através do Filho de
seu amor, comunicada ao ímpio, agora aceito no Bem-Amado. E, "sendo justificado pela fé, tem paz com Deus"
(Rm. 5: 1); sim, tem "a paz de Deus reinando em seu coração"; tem uma
paz que, excedendo a toda compreensão, guarda seu coração e mente de toda
dúvida e de todo medo, graças ao conhecimento daquele em que confiou.
Não pode ele temer, portanto, "ser
afligido por qualquer notícia má", porque "seu coração permanece
firme, crendo no Senhor". Não teme o que lhe possa fazer o homem, sabendo
que mesmo seus próprios cabelos estão todos contados. Não teme os poderes das
trevas, que o Senhor está cada dia mais decisivamente esmagando sob os pés.
Muito menos teme a morte; antes, deseja "Partir e estar com Cristo" (Fl. 1:23), o qual, "através da morte, destruiu o que
possuía o poder da morte, isto é, o diabo; e libertou os que, pelo temor da
morte, estavam até então, e por toda a vida, sujeitos à escravidão" (Hb.
11: 15).
Deste modo, sua "alma engrandece ao
Senhor e seu espírito se alegra em Deus, seu Salvador". Regozija-se com
"alegria indizível" naquele que o reconciliou com Deus, o Pai,
"em quem ele tem a redenção por seu sangue e o perdão dos pecados".
Regozija-se no testemunho do Espírito de Deus com seu próprio espírito, de que
é filho de Deus; e mais abundantemente se alegra "na esperança da glória
de Deus"; na esperança da gloriosa imagem de Deus e na renovação plena de
sua alma em justiça e verdadeira santidade; na esperança daquela coroa de
glória, daquela "herança Incorruptível, sem mancha, imarcescível".
"0
amor de Deus foi também derramado em seu coração pelo Espírito Santo que lhe
foi dado"
(Rm. 5.5). "Porque era filho, Deus
derramou em seu coração o Espírito de seu Filho, que clama: Abba, Pai!" (Gl
4.6). E o amor filial de Deus foi-se aumentando continuamente, pelo testemunho
que ele possuía em si mesmo, (1 João 5: 10), do amor de Deus que lhe perdoa;
pela "consideração da maneira pela
qual o amor de Deus lhe havia sido demonstrado, de modo que pudesse ser chamado
filho de Deus" (1 João 3.1). Deus era, pois, o desejo de seus olhos e
a alegria de seu coração, sua porção mais preciosa no tempo e na eternidade.
Os que assim amam a Deus, não podem deixar de
também amar a seus irmãos, "não em
Palavras somente, mas em obras e em verdade". "Se Deus, diz ele,
assim nos amou, devemos também amar-nos uns aos outros" (1João 4:11);
sim, devemos amar indistintamente a toda alma humana, assim como também "a misericórdia de Deus está sobre
todas as suas obras" (Sl. 145.9).
De acordo com este princípio, a afeição desse
amigo de Deus abraça com todo seu amor a toda a humanidade, nenhuma exceção
abrindo para os que jamais tenham visto em carne, ou para os de quem nada sabe,
a não ser que são "criaturas de Deus", Pelas quais seu Filho morreu;
não excetuando o "mau" e o "ingrato", os maiores inimigos,
os que o odeiam, ou perseguem, ou procedem maliciosamente para com ele, por causa
de seu Mestre: estes têm um lugar destacado em seu coração e em suas orações.
Ama-os “como Cristo nos amou”...
Tal homem, tendo esse amor no coração, não
pratica nenhum mal contra o próximo. É-lhe impossível causar dano consciente e
deliberadamente a quem quer que seja. Está muito longe da crueldade e do crime,
da ação injusta e desumana.
Com igual cuidado “põe guarda diante de sua
boca e à porta de seus lábios”, para que pela língua não peque contra a
justiça, contra a misericórdia e contra a verdade.
Repele toda mentira, falsidade e fraude; em
sua boca não há dolo. Não diz nada mal de ninguém, nem de seus lábios sai
qualquer palavra injusta...
Não lhe satisfaz o abster-se meramente da
prática do mal. Sua alma tem sede de fazer o bem. Assim era o cristão dos dias
antigos. (Assim devemos ser nós nos dias de hoje).
Autor: John Wesley
Por
Litrazini
Graça e Paz
muito bom ! Amém !
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