Disciplina
da Simplicidade
Tudo ao nosso redor trabalha contra a
reorganização e contra a simplificação de nossas vidas. Tudo! O nosso mundo é
confuso e complicado. Mas não foi assim que Deus o criou. Foi essa humanidade
depravada e insaciável que o fez tornar desse jeito!
Deus
nos fez simples e direitos, mas nós complicamos tudo. - Eclesiastes 7:29(TLH)
Os anúncios de publicidade têm um alvo básico:
Tornar-nos descontentes, miseravelmente
insatisfeitos com o que somos e com o que temos. Por quê? Para que venhamos a
adquirir o que eles nos oferecem. O lema da nossa sociedade consumidora é um
alto e dogmático - mais! Nada é satisfatoriamente suficiente.
Qualquer um que se inicia no mundo dos negócios
ou no mundo religioso sente que deve aprender rapidamente acerca da
competição, o que multiplica a pressão, aumenta as expectativas, e acelera a
velocidade.
Muito embora a competição tenha os seus
benefícios, quem pode medir os efeitos secundários indesejados que surgem
quando ela é exagerada a ponto de ficar fora de controle? Quotas não são nunca
suficientes. Relaxar a tensão nunca é uma opção. O tamanho e a quantidade são
sempre insuficientes.
Salomão, o sábio, estava absolutamente correto: "Nós
complicamos tudo."
E não somente adquirimos coisas... também as
guardamos, as acumulamos. E, ainda, não estamos simplesmente competindo... somos
levados a vencer, sempre a vencer qualquer competição. E não apenas queremos
mais, temos de despender mais tempo na manutenção de todas essas coisas. Manter
à frente nessa corrida maluca nos faz ficar exaustos, ansiosos, sem fôlego.
Certamente Deus não é o responsável por essa
confusão. O que Thomas Kelly disse a esse respeito vem agora à minha mente. Ele
lembra aos seus leitores que Deus "nunca nos guia a uma intolerável
situação de um estado febril ofegante."
Para reorganizar o nosso próprio mundo, a necessidade
de simplificar é imperativa. Caso contrário, nós não conseguiremos encontrar
descanso dentro de nós, não conseguiremos entrar nos profundos e silenciosos
recessos de nosso coração, lá onde as melhores mensagens de Deus nos são
comunicadas. E se por muito tempo vivermos nessas condições, nosso coração
ficará gelado em relação a Cristo, e acabaremos nos tornando alvos da sedução,
num mundo perverso. Que perigos nos assediarão se chegarmos a esse estado!
Lembro-me agora de uma advertência que Paulo
fez aos seus amigos daquela comunidade ocupada, carnal, consumidora, de
Corinto:
Mas
receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também
seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a
Cristo -
2 Coríntios 11:3
Em certas horas eu também sinto o mesmo receio.
"Apartar-se", como disse Paulo, é algo que pode ocorrer nos lugares
mais insuspeitos: num lar em que todos os membros da família sejam crentes...
numa igreja em que a verdade seja ensinada e em que Cristo seja exaltado... até
mesmo num seminário, onde os estudantes estejam muito ocupados, sejam muito
pressionados a produzir, sintam-se exaustos em suas tentativas de manter o
equilíbrio entre o trabalho, os estudos, a recreação, as necessidades
familiares, o descanso físico e os compromissos externos de seus ministérios.
Eu receio, confesso, que tal contexto possa
desencaminhar alguns em relação à específica razão pela qual se matricularam no
seminário: encontrar contentamento na simplicidade e na pureza devidas a
Cristo.
Que estranho! No mesmo local em que homens e
mulheres estão sendo treinados para se tornarem mensageiros e servos de Deus,
há perigos bem reais que levam às consequências de uma vida complicada. Se aqui
isso pode ocorrer, isso pode acontecer em qualquer lugar.
A nossa ocupação torna-se uma perigosa
inimiga, sempre que ela levanta a sua cabeça doentia.
Extraído do livro Intimidade com o
Todo-Poderoso de Charles R. Swindoll
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