Após ter velejado por algum tempo, o pescador
desembarca na praia. Sua
pele bronzeada tem a cor do sol. Enquanto salta agilmente do barco, ele assovia
uma canção própria dos velhos lobos do mar. A cabeça protegida por um chapéu de
palha, cuja aba lhe assombreia o rosto, torma a cor de sua pele ainda mais
escura. Os braços, torneados pela força das águas, puxam a pequena embarcação
para terra seca, amarrando-a em uma árvore de que dorme preguiçosa, esparamando-se
em galhos também preguiçosos. Depois
de esticar a rede, o pescador caminha lentamente carregando meia dúzia de
peixes.
O ricaço, de pele avermelhada e andar grã fino, veste
uma camisa estampada. Tanto a pele quanto a camisa deixam clara sua condição de turista; Ele observa tudo
atentamente. Analisa
a lida incessante do pescador e ao contar com os olhos a pequena quantidade de
peixes conduzida por suas calejadas mãos, fica curioso. De imediato, ele
procura conversa saudando o pescador, que responde com um sorriso, exibindo os
dentes ainda brancos e perfeitos.
Como o pescador pára numa bica d’agua próxima, o
ricaço pergunta:
- A pesca estava fraca hoje?
- Não,
responde o homem.
Sem entender, o ricaço tenta mais uma
vez:
- Como não, você só pescou seis peixes.
- Pesquei o necessário, seis são suficientes para
alimentar minha família.
Despedindo-se, o pescador segue sua
jornada até uma pequena casa no lugar mais alto da praia. A casinha branca
rodeada por palmeiras e cercada por um pequeno mas bem cuidado jardim transmite
paz e tranqüilidade.

No dia seguinte a mesma cena de pesca
se repete. Agora quem toma a iniciativa de cumprimentar o turista é o pescador:
- Bom dia!
Bom dia – responde o ricaço, ainda curioso e
intrigado.
- Só pescou seis peixes outra vez?
- É.
- Por que você não pesca mais?
- Pra quê?
- Para vender e ganhar dinheiro
- Pra que?
- Para comprar um barco maior.
- Pra que?
- Para pescar muitos peixes e comercializá-los.
- Pra
que? Para ter muitos empregados.
- Pra que?
- Para ganhar mais dinheiro, dar mais conforto a sua
família e ter um futuro garantido e feliz.
- Pra que?

Olhando o turista com seus olhos
negros e penetrantes, o pescador responde pela primeira vez com mais de duas
palavras.
- Pra que vou ter toda essa trabalheira, moço, apenas
para conseguir tudo aquilo eu já tenho agora?
Quantos de nós lutam a vida toda para obter
felicidade, esquecendo que a possuímos quando não tínhamos nada daquilo pelo
qual tanto batalhamos. Já fomos felizes com pequenas coisas. (A D)
Por Litrazini
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Graça e Paz
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