A meditação é um dever difícil. Muitos cristãos se debatem
até com por onde começar. É particularmente importante para nós que meditemos
sobre a pessoa e a obra de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, uma vez que
contemplar a glória de Deus na face de Jesus Cristo é o principal meio pelo
qual somos transformados de um grau de glória para outro (2 Coríntios 3.18).
Em sua obra devocional, A Glória de Cristo, John
Owen oferece cinco maneiras úteis de meditarmos sobre a glória de Cristo como
uma Pessoa divina/humana.Nossa congregação em Conway considerou estas
instruções particularmente úteis, então vou passá-las adiante com a esperança
de que elas te ajudem em sua devoção por Cristo (você pode ler a seção completa
em Owen, Works, 1, 312-322).
1. Considere que o conhecimento de Cristo como totalmente Deus e
totalmente homem em uma Pessoa é o objeto mais útil de nossas contemplações e
afetos (1, 312-314).
A identidade de Cristo como o
Deus-homem o coloca em uma posição única para tornar a sua redenção possível.
Ele também revela a glória de Deus ao nosso entendimento de uma forma única.
2. Estudar diligentemente as Escrituras com o propósito deliberado de
encontrar a glória de Cristo nelas (1, 314-316).
As Escrituras afirmam que Cristo é o seu objeto
central (Lc 24.26-27,45-46; 2 Coríntios 3.13-16). As três principais maneiras como
Cristo é revelado no Antigo Testamento são por descrições diretas de sua Pessoa
e de sua encarnação, por profecias sobre ele, e pelas cerimônias de adoração do
Antigo Testamento (Owen ricamente desenvolve cada uma delas). Muitas vezes, os
cristãos leem o Antigo Testamento de uma maneira que não é melhor do que a dos
judeus. Mesmo que não vejamos Cristo em tudo no Antigo Testamento,
devemos ter o cuidado de trazer o nosso conhecimento de Cristo conosco ao
lermos o Antigo Testamento.
3.
Medite frequentemente sobre o conhecimento de Cristo que você já obteve, tanto
pelas Escrituras quanto de sermões (1, 316-317).
Deixar de usar e de desenvolver o conhecimento de
Cristo que já recebemos é o “erro fundamental” por trás da falta de crescimento
espiritual entre tantos cristãos. Este é o erro de tratar as doutrinas de Cristo como
fundamentais e básicas e, assim, acostumar-se com elas. Owen acrescenta que,
embora não devamos nos isolar do mundo, devemos também amar a solidão. Sem
qualquer padrão regular de solidão, a meditação sobre o Senhor Jesus Cristo é
impossível.
Deixar de usar e de desenvolver o
conhecimento de Cristo que já recebemos é o “erro fundamental” por trás da
falta de crescimento espiritual entre tantos cristãos.
4.
Não é suficiente confiar em horários fixos para a meditação, antes, deve-se
pensar em Cristo em todas as ocasiões possíveis durante todo o dia (1, 317-320).
Isto é particularmente importante durante os períodos
em que Cristo “retira-se” de nossa “experiência espiritual”. Se nós sabemos o que é
eventualmente “perder” Cristo, então devemos nos confortar com o fato de que
isso significa que sabemos o que é verdadeiramente ter comunhão com ele.
Quando os confortos da comunhão com Cristo diminuem,
devemos buscá-lo com o desespero de um homem sedento em busca de água. Cristo age desta forma para
o nosso bem, uma vez que sua ausência aumenta nossa dependência dele e o fervor
com que o buscamos. A verdade é que Cristo está sempre perto de nós, mas “os
principais atos da vida de fé consistem na frequência de nossos
pensamentos sobre ele” (1, 319).
5.
Acompanhe aos seus pensamentos sobre Cristo a admiração, a adoração e ações de
graças (1,
320-322).
Quanto mais contemplamos nosso Senhor divino/humano,
mais perceberemos que ele está além dos limites da nossa compreensão. Isto deve levar-nos a amar
o Senhor Jesus Cristo com todas as faculdades de nossa alma. No céu, vamos
exercer todas as faculdades de nossas almas, simultaneamente, no culto e
serviço de Cristo, mas neste mundo, o nosso entendimento e a nossa força estão
incompletos.
Portanto, às vezes, nossos pensamentos sobre Cristo
devem levar à admiração, outros à adoração, e outros ainda à ação de graças de
acordo com a nossa compreensão e nossa capacidade..
Você nunca deve perder de vista o fato
de que o propósito para o qual conheceu a Cristo é a adoração.
Owen fecha esta seção com o lembrete útil de que a
meditação sobre a glória da Pessoa de Cristo só ocorre no contexto de um mente
espiritualmente viva. Esta
é uma ideia importante. Talvez uma razão pela qual a meditação seja tão difícil
para nós é que não fixamos a mente nas coisas do alto – onde Cristo está
assentado à destra do Pai – em tudo o que colocamos nossas mãos (Colossenses
3.1-2). A meditação sobre a glória de Cristo é uma interrupção chocante e
dolorosa quando nossas mentes estão treinadas a correr pela nossa desgastada
rotina terrestre.
Jamais nos esqueçamos de que somos
peregrinos e estrangeiros no mundo! Jamais sejamos surpreendidos com uma
dificuldade pela mentalidade celestial deste lado da glória! Vamos fazer uso
dos meios que nos auxiliam a contemplar a glória de nosso Salvador mais
plenamente!
E que possamos nos achegar ao nosso Pai celeste, que é
capaz e está pronto para ajudar-nos a meditar sobre a glória do seu Filho por
meio do poder do Espírito Santo!
RYAN MCGRAW / Traduzido por André Lima | Reforma21.org
Por Litrazini
Graça e Paz
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