Algumas lições da segunda epístola de Paulo a Timóteo
Este estudo pretende abordar algumas reflexões sobre o nosso
comportamento enquanto cristãos em face das investidas do mundo contra aquilo
para o qual Deus nos chamou. Para tal finalidade, tomamos por base o versículo
15 do capítulo 3 da segunda carta de Paulo a Timóteo. “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que
se envergonhar e que maneja bem a palavra da verdade”.
Timóteo era natural de Listra (ou Icônio). Talvez ele seja fruto da pregação de
Paulo quando este esteve pela primeira vez em Listra em sua viagem missionária
“inaugural”. Paulo o chama de “verdadeiro filho na fé”.
É possível pensar que Timóteo tenha nascido e recebido educação em um
rigoroso lar de tradição judaica, que, todavia não conhecia o Senhor Jesus
Cristo. Sua
mãe era judia, seu pai, grego.
Na
segunda viagem missionária de Paulo e Barnabé, este quis levar Marcos.
Entretanto, Paulo não achou por bem levarem consigo alguém que os tinha
abandonado no meio da viagem missionária e não havia prosseguido no trabalho de
confirmação das igrejas. A desavença foi tal que os dois se separaram. Nesse
ínterim, Paulo decide levar Silas.
Na chegada de Paulo e Silas à cidade de Listra, os irmãos dão bom
testemunho do jovem Timóteo, e Paulo quis que ele fosse em sua companhia na
viagem missionária pela região da frígio-galácia (Atos 16:6)
Quando
eles chegam à Macedônia, Paulo envia Timóteo a Éfeso (Éfeso era a cidade mais
importante da província romana de Ásia Menor. Nela se destacavam iniciativas
culturais como escolas filosóficas; escola de magos e muitas manifestações
religiosas, sendo a mais significativa em torno de Ártemis: a deusa do meio
ambiente conhecida como Diana pelos romanos, a deusa da fertilidade (Atos 19:
8-41)) no sentido de admoestar algumas pessoas para que não ensinassem outra
doutrina além daquela que os apóstolos receberam de Jesus Cristo.
Na época que Paulo esteve em Mileto, ele já havia admoestado aos
próprios presbíteros da igreja de Éfeso:
“… dentre vós se levantaram lobos vorazes (…). (…)
e se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos
atrás deles”.
(Atos 20: 29-30).
Paulo
“cantou a bola”. A igreja de Éfeso estava vivendo aquilo que ele havia falado,
e Timóteo foi enviado para advertir aos irmãos quanto às questões proferidas
anteriormente por Paulo. Mas o que é um jovem pastor frente a “lobos vorazes”?
Timóteo estava fielmente levando a cabo aquilo para o qual havia sido designado
por seu pai na fé?
Conforme
nos mostram as epístolas a Timóteo, este estava “deixando morrer” o dom que
Deus tinha dado a ele pela imposição das mãos de Paulo. O que fica patente é um
jovem esmorecido no servir ao Senhor e que estava temente quanto às tribulações
advindas como conseqüências desse servir.
Fica claro ao longo dos capítulos das epístolas a própria autoridade de
Timóteo sendo posta em xeque pelos “lobos vorazes” da igreja de Éfeso, tanto
que Paulo chama a atenção: “Ninguém
despreze a tua mocidade” (1 Timóteo 4: 14a). É bem provável que algumas pessoas
mostrassem a Timóteo o exemplo de Paulo, não no sentido de um servo fiel ao
Senhor, mas como alguém que estava sob algemas, encarcerado por causa da
palavra de Deus. “Não te envergonhes,
portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu
(…)” (2 Timóteo 1: 8a).
O versículo 15 do capítulo 3 nos mostra um período que se divide em três
sentenças direcionadas a um sujeito: Timóteo. Paulo começa a frase com um
verbo no modo imperativo, significando que se trata de uma ordem: procura. O
que quer dizer que este não estava tendo o cuidado de procurar sempre estar apresentando-se,
no sentido de estar diante, viver perante - ao Senhor aprovado,
agradando ao Senhor e não a homens- como obreiro - aquele que está à
disposição do Senhor em todo tempo - que não tem do que se envergonhar –
pois tem os frutos do Espírito - e que maneja- no sentido de ser um
profundo conhecer das Escrituras- bem a Palavra da verdade.
Podemos
levantar duas considerações importantes sobre o versículo estudado e aplicá-las
nas nossas vidas a fim de crescermos com os ensinamentos das Escrituras
Sagradas.
A primeira diz respeito ao
fato de não ficarmos com medo e apáticos frente às investidas do mundo. Timóteo estava deixando
morrer o dom de Deus nele em virtude das paixões da mocidade. E nós? Como
estamos nos comportando frente aquilo para o qual Deus nos chamou? Será que não
estamos “quentes” nem “mornos”, mas estamos a ponto de sermos vomitados?
O
chamado de Deus deve ser algo que a cada dia vai sendo aperfeiçoado em nós,
tanto para o crescimento da igreja como para o nosso próprio crescimento na fé
cristã, tendo as Escrituras como luz na nossa caminhada, a fim de nos
apresentarmos a Deus sem reprovação, mas cheios dos frutos do Espírito Santo.
A
segunda diz respeito a não se envergonhar do evangelho de Cristo quando aquilo
para o qual Deus nos chamou resulta em sofrimento e em perseguição por parte do
mundo. Devemos
ter em mente que até as algemas são para o nosso bem e que até por meios delas
o nome de Jesus é engrandecido. Tudo
coopera para o bem dos que amam ao Senhor, inclusive o nosso fracasso aos
olhos do mundo.
Conclusão
Podemos
aprender com o texto estudado que não podemos nos acovardar diante dos ataques
do mundo, e nem deixarmos morrer o dom de Deus em nós em virtude das investidas
de Satanás e das nossas próprias paixões. Como disse Paulo, “nenhum soldado em serviço se envolve em
coisas desta vida”, pelo contrário, temos que olhar para o nosso alvo, Cristo,
e, sem se envergonhar do evangelho, reavivar aquilo que, porventura, estiver
morrendo.
Autor:
Cleiton Maciel Brito
Por
Litrazini
Graça
e Paz
Nenhum comentário:
Postar um comentário