Na primeira aliança, em Moisés, adorar era sacrificar. Na nova aliança, em Jesus
Cristo, adorar é viver integralmente para Deus. A adoração autêntica, legítima,
verdadeira exige “oferecer a vida a
Deus, como sacrifício vivo, santo e agradável” (Romanos 12.1)
O
sumo sacerdote leva sangue de animais até o Santo dos Santos, como oferta pelo
pecado, mas os corpos dos animais são queimados fora do acampamento. Assim,
Jesus também sofreu fora das portas da cidade, para santificar o povo por meio
do seu próprio sangue. Portanto, saiamos até ele, fora do acampamento,
suportando a desonra que ele suportou. Pois não temos aqui nenhuma cidade
permanente, mas buscamos a que há de vir. Por meio de Jesus, portanto,
ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios
que confessam o seu nome. Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os
outros o que vocês têm, pois de tais sacrifícios Deus se agrada. [ Hebreus 13.11-16 ]
A experiência religiosa dos hebreus estava baseada no princípio de que “adorar é sacrificar”. Todos os dias, especialmente
aos sábados, os sacerdotes ofereciam sacrifícios de animais, primeiro no
Tabernáculo e depois no templo em Jerusalém. De maneira especialíssima, uma vez
por ano, o sumo sacerdote oferecia sacríficios pelo pecado do povo no Santo dos
Santos.
A religião dos hebreus consistia em tentar viver em obediência à Lei de
Moisés, mas como isso era impossível, sacrificavam animais com intuito de
aplacar a ira de Deus, receber seu favor, e também expressar sua gratidão pelas
bênçãos recebidas. No
seu imaginário, servir a Deus e ou prestar culto a Deus era fazer a coisa certa
(oferecer sacrifícios de animais), através das pessoas certas (sacerdotes), no
dia certo (sábado), no lugar certo (tabernáculo e depois templo).
A primeira aliança entre Deus e os homens foi celebrada na Lei de
Moisés, mas a nova aliança celebrada em Jesus Cristo ressignifica toda a
estrutura religiosa de Israel (Hebreus 9.19-22), pois as coisas da primeira
aliança eram apenas “sombras do que
haveria de vir” (Colossenses 2.16,17).
Na
nova aliança, celebrada em Jesus Cristo, não há mais necessidade de sacrifícios
de animais (Hebreus 9.11-14; 10.1-14), pois Jesus Cristo é o legítimo “cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo” (João 1.29). Também não há mais necessidade de sacerdotes, pois “há um só Deus e um só mediador entre Deus
e os homens: o homem Cristo Jesus, o qual se entregou a si mesmo como resgate
por todos” (1Timóteo 2.5,6), e por essa razão todos os que estão em Cristo
são reis e sacerdotes (1Pedro 2.9; Apocalipse 5.9,10). Não há porque guardar o
sábado, pois todos os dias são igualmente santificados para Deus (Romanos 14.6;
Colossenses 2.16,17). Finalmentemais necessidade de ir ao templo, pois “onde estiverem dois ou três reunidos em
seu nome, Jesus está no meio deles (Mateus 18.20), pois Deus não habita em
templos feitos por mãos humanas (Atos 7.48), mas num templo de pedras vivas
(1Pedro 2.5), e assim, todos os que estão em Cristo são templo do Espírito de
Deus (1Coríntios 3.16; 6.19).
Diante
das afirmações dos cristãos, os hebreus bem poderiam dizer “vocês acabaram com
a nossa religião”, ao que os cristãos responderiam, “nada disso, nós levamos
sua religião à plenitude”, pois “o fim da lei é Cristo” (Romanos 10.4). Isto é,
a finalidade da Lei era conduzir a Jesus Cristo, pois Jesus é o sacerdote, o
sacrifício, seu corpo é o templo vivo, e sua obra tem repercussão eterna, pois
realizada e conhecida desde antes da fundação do mundo (1Pedro 1.18-20;
Apocalipse 13.8).
Surge, então, um grande dilema entre os hebreus: agora que não precisamos
mais depender dos sacerdotes para oferecer sacrifícios de animais em nosso nome
no templo, como devemos adorar a Deus? Agora que adorar não é mais
sacrificar, como podemos adorar a Deus?
A
resposta é simples: “por meio de Jesus,
ofereçam continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios
que confessam o seu nome” (Hebreus 13.15).
Muitas
pessoas acreditam que “sacrifício de louvor” tem a ver com “ir ao templo para
participar das celebrações cristãs e cantar canções para Deus”. Nada mais
equivocado. Lendo o texto de Hebreus 13.15 compreendemos que o sacrifício de
louvor é oferecido por pessoas cujos lábios confessam o nome de Jesus Cristo.
Para entender o que isso significa precisamos ler Romanos 10.1-10, onde
o apóstolo Paulo explica que na primeira aliança, em Moisés, a aproximação de
Deus, que ele chama de justificação, era feita mediante a obediência à Lei e o
sacrifício de animais, mas na segunda aliança, a relação com Deus consiste em “crer com o coração que Deus ressuscitou a
Jesus Cristo dentre os mortos” e “confessar com a boca que Jesus Cristo é o
Senhor”. Os
lábios que confessam o nome de Jesus Cristo são aqueles dos que crêem que ele “esteve morto, mas agora está vivo para todo
o sempre, e tem nas mãos as chaves da morte e do inferno” (Apocalipse
1.18), e declaram que “Jesus Cristo é o
Senhor” (Filipenses 2.11), passando a viver para ele, e não mais para si
mesmos (2Coríntios 5.14,15).
Os que confessam o nome de Jesus Cristo, também afirmam juntamente com
Paulo, apóstolo, “fui crucificado com
Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas
Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de
Deus, que me amou e se entregou por mim”, e também “quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso
Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu
para o mundo” (Gálatas 2.20; 6.14). São esses os que “por meio de Jesus
Cristo, oferecem continuamente a Deus sacrifícios de louvor”.
Mas,
quais são esses sacrifícios de louvor?
O texto de Hebreus 13.16 responde: “não
se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de
tais sacrifícios Deus se agrada”. Oferecer sacrifício de louvor é fazer o bem. Mas o que
significa fazer o bem, apenas repartir com os outros o que temos? Isso também,
mas na verdade fazer o bem significa muito mais.
Fazer
o bem é uma expressão paralela a “andar na luz” e “andar nas boas obras”. O
apóstolo Paulo diz que os que estão nas trevas “andam conforme o curso do mundo, fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos, e portanto estão escravizados pelo espírito que opera nos filhos
da desobediência” (Efésios 2.1-3). Mas aqueles que confessam o nome de
Jesus Cristo, são novas criaturas, isto é,
“criação de Deus realizada em Cristo Jesus para [fazerem] boas obras, as quais
Deus preparou de antemão para que [praticassem]” (Efésios 2.10). Andar nas
boas obras, praticar boas obras, fazer o bem, equivale a viver segundo a
vontade de Deus em termos abrangentes, e não apenas fazendo caridade.
Na
primeira aliança, em Moisés, adorar era sacrificar. Na nova aliança, em Jesus Cristo, adorar é viver integralmente para
Deus. A
adoração autêntica, legítima, verdadeira exige “oferecer a vida a Deus, como sacrifício vivo, santo e agradável”
(Romanos 12.1), e assim, “quer vocês
comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1Coríntios
10.31), para que “tudo o que fizerem,
seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio
dele graças a Deus Pai” (Colossenses 3.17).
A experiência religiosa cristã implica a superação da religião
compreendida em termos de ritos e rituais: ir ao templo, sacrificar animais,
depender de sacerdotes, e respeitar dia disso e dia daquilo. Viver para Deus
envolve tudo o que fazemos, todo dia, toda hora, em todo lugar. Oferecer a Deus sacrifício
de louvor é viver sob a constante oração: “Pai
nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome, venha a nós o teu reino,
seja feita a tua vontade assim na terra como no céu”.
Autoria: Ed René Kivitz
Por Litrazini
Graça
e Paz
Nenhum comentário:
Postar um comentário