Se o preguiçoso usasse sua ginástica mental, utilizada para criar
desculpas, para trabalhar, poderia ser um indivíduo próspero.
O preguiçoso tem alergia ao trabalho. Sente urticária só em pensar que
precisa sair de seu comodismo. A preguiça é indolência crônica e
irresponsabilidade consumada. A preguiça desemboca em pobreza e penúria. Três
fatos serão aqui destacados:
EM
PRIMEIRO LUGAR, AS DESCULPAS DO PREGUIÇOSO (Pv 26.13).
“Diz o preguiçoso: um leão está
nas ruas”. O preguiçoso é um especialista em arranjar desculpas. Emprega
toda sua energia e todo o seu esforço mental para criar mecanismos de defesa,
para inventar razões para não trabalhar. O preguiçoso vê o que não existe,
aumenta o que existe e foge daquilo que deveria procurar.
O provérbio em apreço mostra até que ponto o preguiçoso é capaz de
chegar em suas desculpas. O leão é um animal selvagem que vive em algumas
savanas, longe de lugares habitados. O leão não perambula pelas ruas. Não
transita entre os homens. Não vive às soltas nas ruas. Mas, como o preguiçoso
precisa encontrar uma justificativa para sua inércia, inventa essa descabida
desculpa.
Se o preguiçoso usasse sua ginástica mental, utilizada para criar
desculpas, para trabalhar, poderia ser um indivíduo próspero. Mas, ele prefere
ficar confortavelmente em seu leito, virando de um lado para o outro,
descansando. Ele cansa de descansar; então, descansa até cansar. O preguiçoso
viu ameaça onde não tinha ameaça, mas o verdadeiro leão que viu nas ruas é sua
pobreza que chegará e desse leão ele não escapará.
EM
SEGUNDO LUGAR, A CAMA DO PREGUIÇOSO (Pv 26.14).
“Como a porta
que se revolve nos seus gonzos, assim, o preguiçoso, no seu leito”. A cama do
preguiçoso é o seu quartel-general. É dessa trincheira que ele inventa todas as
suas estratégias para não trabalhar. O preguiçoso se revolve no seu leito como
uma porta se revolve nos seus gonzos. Uma porta se revolve nos seus gonzos, mas
não sai do lugar. Ela abre e fecha o tempo todo, mas fica estacionada no mesmo
lugar. Assim é o preguiçoso. Ele se mexe na cama. Ele vira de um lado para o
outro. Mas, ele não se levanta para agir. Ele não pula do leito para trabalhar.
Seu descanso parece não ter fim. Seu sono parece nunca acabar. Está sempre
cansado. Sempre precisando de mais descanso. O trabalho é para ele um perigo e
uma ameaça.
O leito do preguiçoso é sua câmara de segurança. O seu quarto é seu
castelo seguro. O sono para ele é mais doce do que o mel. O conforto do seu
quarto é para ele melhor do que as maiores conquistas do trabalho. Sua
recompensa é descansar um pouco mais até que a pobreza bata à sua porta como um
leão faminto.
EM
TERCEIRO LUGAR, O ENGANO DO PREGUIÇOSO (Pv 26.16).
“Mais sábio é
o preguiçoso a seus próprios olhos do que sete homens que sabem responder bem”. O preguiçoso
não tem apenas as mãos frouxas para o trabalho, mas também, a mente ágil para a
soberba. Ele se julga mais inteligente que o maior dos gênios. Acredita que sua
filosofia de vida, rendida à preguiça crônica, está acima de todas as outras.
Arrogantemente estadeia sua sabedoria e aplaude a si mesmo, julgando-se melhor
do que os outros. Entoa, com o peito estufado, o cântico “quão grande és tu”
diante do espelho. Acredita que é mais sábio a seus próprios olhos do que sete
homens que sabem responder bem.
O preguiçoso tem uma visão distorcida não só do trabalho, mas também de
si mesmo. Vê o trabalho como ameaça e a si mesmo como sábio. Tem uma visão
exagerada de si mesmo, a ponto de achar-se melhor do que os maiores sábios. A
preguiça tirou-lhe o bom senso, embaçou seus olhos, entorpeceu sua mente e
afrouxou seus braços.
O preguiçoso é um indivíduo não apenas tolo, mas também auto-enganado. Pensa
ser quem não é. Literalmente, ele dorme o sono da morte. Sua máscara só cairá
no dia da calamidade. Então, perceberá tarde demais, que suas desculpas foram
esfarrapadas, sua sabedoria não passava de consumada tolice e seu sono
confortável lhe empurrará para o abismo da calamidade irremediável.
Hernandes Dias Lopes
Por Litrazini
Graça e Paz
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