E, quando orares, não sejas como os
hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das
ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o
seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua
porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os
gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não vos assemelheis,
pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho
pedirdes. Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, … Porque,
se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos
perdoará a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas (Mateus 6:5-15)
Nos
primeiros versos do texto (1-8) vemos uma preocupação por parte de nosso Senhor
Jesus, em combater uma prática muito comum entre os religiosos fariseus, e que
estava se popularizando entre o povo, o hábito de buscar reconhecimento ou
prestígio ao orar e dar esmolas.
Vemos
repetidas vezes Cristo afirmar que “eles já receberam o seu galardão”, e não é necessário
muito esforço para entender essa sentença. Jesus não estava dizendo que Deus já
havia abençoado os fariseus, mas que o objetivo deles já havia sido alcançando…
o “prestígio” entre o povo. O gesto que identifica isso, era se por em pé e
estender as mãos aos céus (um gesto que por si só chama atenção) e orar em voz
alta. Um outro problema identificado por Cristo, seria as vãs repetições, e
aqui é importante salientar um ponto.
Cristo
não está condenando aquele que insiste em pedir algo a Deus como por exemplo
pedidos por algo específico, ou pelo perdão de pecados, a rejeição de Cristo
aqui se refere a crença de que por muito repetir determinado pedido ele seria
atendido “E, orando, não useis de vãs
repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos”
(verso 7), quando sabemos que Deus nos concede o que pedimos se bem lhe parecer
e pela graça que ele ministra sobre nós. A condenação às vãs repetições também
esta ligada a “duração e tamanho” da oração.
Os
fariseus acreditavam que o diferencial na oração seria quanto tempo era
desprendido na pratica e o tamanho dela. É bem verdade que precisamos passar o
máximo de tempo possível em oração e na leitura das escrituras, mas também não
devemos pensar que o tempo que passamos orando, será levado em conta por Deus
na hora de atender ou não nosso clamor. Passar longos períodos em oração a
Deus, deve ser reflexo de uma vida inteiramente voltada a ele. Se passamos
horas trancados no quarto em oração a Deus, é por que verdadeiramente buscamos
a presença de Deus e não por que queremos “impressionar” nosso Pai celestial.
Depois
de feitas as considerações iniciais, e vendo a necessidade de orientação à uma
oração verdadeira, Cristo então oferece um modelo de oração a ser seguido com o
fim de educar-nos a interiorizar as palavras que pronunciamos a Deus em oração.
Jesus inicia a oração identificando que há um Pai celestial, e destaca um de
seus atributos; a santidade: “Pai nosso,
que estás nos céus, santificado seja o teu nome;”
Após
isso, temos uma outra afirmação de Cristo. Agora ele mesmo se humilha
reconhecendo a soberania de Deus, atribuindo a ele o controle sobre todas as
coisas, e que não há limite “territorial” para o domínio dEle: Venha o teu reino, seja feita a tua
vontade, assim na terra como no céu;
Agora
Cristo roga para que o Pai supra nossas necessidades, e nos ensina a pedir a
Deus, não luxos, ou coisas que não precisamos e que queremos apenas por status,
mas Jesus nos ensina a rogar ao Criador por nossas necessidades, pois como ele
mesmo diz, Deus sabe que precisamos de alimento e veste e outras coisas,
“Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem
sabe que necessitais de todas estas coisas”.(verso 32): O pão nosso de cada dia nos dá hoje;
Na sequência
nos deparamos com um ponto interessante. Provando que sua atitude é pedagógica,
o Senhor Cristo nos ensina a reconhecer nossos pecados e pedir perdão por eles,
ao passo que ao identificarmos uma atitude ofensiva por parte de outras pessoas
para conosco, desferimos o perdão. Jesus era perfeito, e nele não havia pecado
algum (E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele
não há pecado. 1 João 3:5), portanto, vale repetir que Cristo nesse ponto, nos
ensina como fazer, e não pede perdão por algum pecado: E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos
devedores;
Em
seguida, nos deparamos com outra citação interessante por parte de nosso Rei e
Senhor. Quando Cristo, roga ao pai que não nos induza a tentação, ele não quer
dizer que Deus nos tentará, por que Deus a ninguém tenta (Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode
ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Tiago 1:13), mas quer apenas rogar
ao pai que tenha misericórdia de nós ao nos provar (Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos
deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape,
para que a possais suportar. 1 Coríntios 10:13). Então podemos perceber a
diferença quando compreendemos isso com relação ao emprego da palavra
“tentação” na afirmação. Ele encerra a oração pedindo ao Pai que nos livre do
mau, e finaliza como iniciou a oração, reconhecendo a figura de Deus e mais
alguns de seus atributos: E não nos
conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a
glória, para sempre, Amém.
Jesus
encerra a oração, mas não termina suas exortações, podemos constatar isso ao
longo de todo o capítulo 6, no entanto com relação a oração, ele termina enfatizando
a importância do perdão na pratica da oração:”Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas
ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.”(versos 14 e
15).
Esse
gesto demonstra a preocupação de Cristo quanto a concepção da nossa compreensão
para com a pratica da oração, e de que devemos internalizar os sentimentos
envolvidos nas palavras que pronunciamos em prece ao nosso Deus, como por exemplo,
se oramos a Deus com nosso coração tomado de ira ou de mágoa por algum irmão
nosso, a oração não terá refletido o caráter de um verdadeiro filho de Deus e
com isso, o Senhor não nos ouvirá. Mas se temos um coração amoroso e justo
diante de Deus e para com nosso irmãos em Cristo, o Criador certamente dará
atenção ao nosso clamor, pois como diz o salmista
“a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. (Salmos
51:17)”.
Um
outro conselho interessante a essa questão, é que Deus escuta a todas as
orações mas nem sempre a resposta dEle é sim, devemos pedir a Deus aquilo que
queremos ou que precisamos, mas como Cristo nos ensina no começo da oração, que
estejamos certos de que a vontade de Deus deve e vai prevalecer, e precisamos
confiar nela, pois é boa perfeita e agradável; “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12:2).
Uma
peculiaridade que vale apena também destacar é a forma como Cristo se expressa
pessoalmente, mas usando a 1ª pessoa do plural, buscando fazer com que
entendamos o caráter comunitário da oração, ou seja, quando oramos “Pai-nosso,
venha a nós, não nos deixes cair”, devemos ter em mente que oramos como igreja,
e devemos com isso inserir todos nos nossos irmãos em nossas orações, pois
devemos orar uns pelos outros.
A
biblia nos fornece inúmeros exemplos de homens e mulheres de oração, como por
exemplo, o servo Daniel, que orava três vezes ao dia; “(Então responderam ao rei, dizendo-lhe: Daniel, que é dos filhos dos
cativos de Judá, não tem feito caso de ti, ó rei, nem do edito que assinaste,
antes três vezes por dia faz a sua oração. Daniel6:13)”.
Com
esses exemplos nós aprendemos que a pratica da oração é indispensável à vida
cristã, pois é através da oração que expressamos a Deus todos os nossos desejo,
situações e súplicas. Vemos também que apesar de Deus saber de tudo que vamos
orar a ele sem que tenhamos orado ainda, isso por exemplo, não empobrece o
desejo de Cristo em orar, muito pelo contrário, ao analisarmos os evangelhos,
vemos que a oração estava sempre presente na vida de Jesus.
O
apostolo São Paulo nos adverte muito objetivamente “Orai sem cessar (1 Tessalonicenses 5:17)”, e também receita a
igreja que a oração seja feita de forma comunitária e intercessória entre os
irmãos do corpo de Cristo; “Confessai as
vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A
oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.”(Tiago 5:16). Um
outro exemplo do uso da oração é como forma de conforto em momentos de
adversidade.
Paulo
e Silas enquanto encarcerados oravam e cantavam a Deus; “E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus,
e os outros presos os escutavam. (Atos 16:25)”. os benefícios de termos uma
vida de oração e meditação na palavra de Deus, são inúmeros e inimagináveis, e
devemos por isso em prática constantemente para que possamos andar em retidão e
em agrado a vontade de nosso Senhor e Rei Jesus Cristo.
Paulo
Ulisses
Por
Litrazini
Graça
e Paz
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