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domingo, 14 de janeiro de 2018

EXAMINE-SE, POIS, O HOMEM A SI MESMO

Em 1 Co. 11:17-34, encontra-se um dos textos bíblicos mais conhecidos por parte dos evangélicos. É o chamado “texto da Ceia”, por ser lido em inúmeras celebrações da Ceia do Senhor Jesus, mundo afora. Nele, o apóstolo Paulo, escrevendo à confusa e efervescente Igreja na cidade grega de Corinto, faz-lhe duras críticas, aconselha sobre pontos polêmicos, ameaça os rebeldes com o rigor da disciplina eclesiástica e combate a incrível falta de discernimento da Igreja naquele lugar. No texto em questão, temos circunscritos todos os temas supracitados, com o diferencial de se referir à Ceia.

Primeiramente, observamos Paulo exortar a Igreja, afim de que seus membros não fossem egoístas e viciosos, como costumavam ser, inclusive na Ceia (vs. 20). O desprezo dos coríntios pelos pobres era algo tão notório e havia tamanha segregação social na igreja, que as repercussões caíram nos ouvidos zelosos de Paulo.

A vicissitude carnal dos homens é, normalmente, o mal que os orienta. Aos discípulos, é inadmissível que um comportamento tão excludente pudesse se fazer presente. Bem, em Corinto não só era presente, como parecia ser a norma. Isto revela o nível de apostasia prática em que uma igreja pode cair!

O conhecimento das doutrinas não é suficiente para tornar a Igreja apta a ser o que foi chamada a ser: uma agência de Deus na Terra. O apóstolo Paulo brada aos coríntios: “Já estais fartos, já estais ricos; chegastes a reinar sem nós; sim, tomara reinásseis, para que nós viéssemos a reinar convosco. (…) Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós desprezíveis”, (1 Co. 4:8,10).

Misturando ironia a uma palavra aplicada, dirigida à arrogância dos homens e mulheres daquela comunidade, Paulo os exorta que sejam humildes, que abandonem a presunção de serem especialistas, como pensavam que eram!

Vê-se que arrogância eclesiástica pode tornar uma igreja não apenas avessa à prática e moral cristã corretas, como incapaz de tornar a perceber como deve andar um discípulo de Jesus. Não é à toa que, em 1 Co. 11:23, ele contrasta as frívolas atitudes dos coríntios com aquela que talvez tenha sido a mais auspiciosa atitude de Cristo, até aquele momento em seu ministério: as palavras seguras da Ceia, que revelavam que ele sabia o que lhe aconteceria por amor “ao mundo”, às pessoas de todas as épocas e localidades, uma abnegação total que haveria de se tornar o centro da própria mensagem do Evangelho.

Destarte, “quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si” (1 Co. 11:29) é o que o apóstolo dirá aos coríntios. O conselho subsequente, do (auto) exame, é, em contrapartida, aquilo a que o Homem deve se aplicar para poder se tornar plenamente partícipe do Corpo de Cristo Jesus. Jesus fora traído, não apenas por Judas, mas pelos homens, inclusive, seus discípulos, que o abandonaram. Contudo, seu amor levou a uma obra de justificação que incluiria todas as pessoas.

Em outra epístola, o ap. Paulo pontua exatamente esta ideia: “Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para a condenação, assim também, por um ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá a vida”, Rm. 5:18. Este amor é o contraste que o apóstolo se utiliza para uma comparação exortativa à Igreja em Corinto.

Como traidores que éramos e, por amor e misericórdia, viemos a ser justificados, é-nos inadmissível sermos encharcados novamente dos vícios que desonram toda a obra salvífica da cruz. Este apego irracional aos bens materiais, em detrimento daqueles que não os tem, constitui-se até hoje um dos maiores desafios para a Igreja, a qual precisa ser lembrada constantemente que não pode seguir o curso deste mundo, ou ainda, deixar-se envolver pela “concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e a soberba da vida”, 1 Jo. 2:16, sem compreender claramente a abrangência dos males que tais atos nos causam.

É exatamente por isso que destacamos o texto de 1 Co. 11:17-34, pois a ausência de um autoexame que nos faça perceber se estamos sendo guiados por luz ou trevas, fé ou incerteza, serenidade ou intempestividade, amor ou ódio, pureza ou malícia, é normalmente sinal de que estamos sendo guiados pelos vícios da alma, não pelas virtudes da Palavra. O resultado é aquele descrito no mesmo capítulo 11, versículo 30: “Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem”.

Através do texto-chave que norteou estas breves palavras, procuramos relacionar as exortações paulinas ali prescritas e descritas com as situações reais em que vivemos e às quais estamos suscetíveis.

Precisamos entender que a vivência cristã é muito mais do que mera associação a práticas religiosas sem sentido, antes, é o resultado de uma auto compreensão profunda, que deve refletir a natureza de um viver digno, altruísta, abnegado e centralizado na união incompreensível, mas gloriosa, do nosso ser com Cristo Jesus

Pr Artur Eduardo

Por Litrazini

Graça e Paz

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