O
amor pela Bíblia encontrou expressão em vários desdobramentos notáveis. A vida
das comunidades protestantes passou a girar em torno das Escrituras e da sua
mensagem. A própria arquitetura dos templos passou a refletir as novas
convicções: a decoração modesta, a ausência de imagens e do altar, o destaque
dado ao púlpito e à mesa da comunhão.
O
foco central do culto passou a ser a pregação expositiva da Bíblia, bem como a
celebração dos sacramentos da ceia e do batismo. Os pastores ficaram conhecidos
como “ministros da Palavra”.
Em
contraste com a Idade Média, em que a arte sacra era considerada “a Bíblia dos
ignorantes”, os reformados passaram a incentivar a educação para que as pessoas
pudessem ler a própria Bíblia. Paralelamente, houve uma produção sem
precedentes de novas traduções em linguagem acessível ao povo.
Uma
das maiores contribuições de Lutero foi a Bíblia alemã (1534), um monumento
literário desse idioma. Mais importante foi a Bíblia inglesa, devido à sua
influência na história posterior do movimento protestante.
A
primeira tradução impressa foi a de William Tyndale (1525-1530), martirizado em
Bruxelas em 6 de outubro de 1536. Dos 6 mil exemplares do seu Novo Testamento,
somente dois chegaram até os nossos dias. Ainda no século 16, surgiram várias
outras versões inglesas: Bíblia de Coverdale (1535), Bíblia de Matthew (1537),
Grande Bíblia (1539), Bíblia de Genebra (1560) e Bíblia dos Bispos (1568).
Como
seria de se esperar, as Escrituras influenciaram poderosamente todos os
aspectos do universo protestante: a teologia, a liturgia, a pregação, a
hinódia, a devoção pessoal e familiar, a vida intelectual, a literatura e a
arte, bem como as concepções éticas, políticas e sociais.
Nos
países marcados pela Reforma, o próprio idioma absorveu um grande número de
palavras e expressões bíblicas.
A
Bíblia esteve também por trás dos grandes movimentos de revitalização das
igrejas evangélicas, como o puritanismo inglês, o pietismo alemão e os grandes
despertamentos. Desde o século 16, com os próprios reformadores, o estudo dos
textos nas línguas originais e a adoção de princípios equilibrados de exegese e
hermenêutica (como o método histórico-gramatical) têm gerado um imenso e
valioso legado de reflexão bíblica.
Outra
área da vida das igrejas que teve profunda conexão com as Escrituras foi o
esforço missionário.
Desde
os primeiros contatos com povos não-cristãos, os protestantes se preocuparam em
traduzir a Bíblia para as línguas nativas. Essa preocupação se intensificou a
partir do final do século 18, por meio de homens como William Carey, que verteu
as Escrituras para várias línguas do subcontinente indiano. Fator importante
nesse processo foi o surgimento das grandes sociedades bíblicas — a Britânica
(1804) e a Americana (1816). Por meio de seus agentes, os valorosos
colportores, essas sociedades espalharam a Bíblia pelo mundo afora. Hoje, graças
aos esforços de organizações como Tradutores Wyclif da Bíblia, são
relativamente poucas as pessoas que não têm nenhuma parte das Escrituras em sua
língua materna.
Alderi
Souza de Matos
Por
Litrazini
Graça
e Paz
Nenhum comentário:
Postar um comentário