Somos experimentados no relacionamento com as
máquinas e inexperientes no trato com as pessoas. Vivemos cercados de gente e
ao mesmo tempo, como uma ilha existencial, somos profundamente solitários.
A solidão não é simplesmente uma questão de
viver no ostracismo, à margem dos relacionamentos interpessoais, mas uma atitude
interna, uma inadequação para esses relacionamentos.
Há indivíduos solidários que vivem no meio da
multidão, mas que não conseguem construir pontes de contato com as pessoas.
Quando um dos grandes vultos da música popular
brasileira, Roberto Carlos, foi interrogado acerca da pior coisa que lhe
poderia acontecer, ele respondeu sem hesitar: a solidão.
A solidão atinge grandes e pequenos, ricos e
pobres, doutores e analfabetos.
Emile Durkhaim, ínclito sociólogo francês,
chegou a afirmar que o suicídio, a maior agressão contra si mesmo, é uma
inadequação social. É a incapacidade de inserir-se no convívio social e
relacionar-se com as pessoas de modo a criar vínculos de amor e amizade.
Vivemos numa sociedade doente. Na mesma
proporção que cresce a população do mundo, aumenta a solidão das pessoas. Os
grandes centros urbanos fervilham de pessoas que se acotovelam todos os dias em
imensas aglomerações humanas, mas essas pessoas são rostos sem nome e sem
identidade: uns que vão, outros que vêm e todos que passam.
A solidão não está apenas do lado de fora da
família; está também dentro do lar. A televisão ocupou o lugar da conversa ao
redor da mesa. A internet preencheu o espaço do diálogo cheio de intercâmbio
das idéias. O telefone celular nos conecta com o outro, do outro lado da linha,
mas nos afasta daqueles que estão ao nosso derredor.
Vivemos no paraíso das comunicações virtuais,
mas transformamos esse jardim cheio de raras belezas num deserto de
relacionamentos vazios e carente de significado. Transformamos o palácio da
cibernética na masmorra da solidão.
Não precisamos jogar pela janela as conquistas
da ciência. Não precisamos viver paquerando nostalgicamente o passado que se
foi. Mas, precisamos urgentemente, preservar os valores do passado, usar com
racionalidade as conquistas do presente e estabelecer metas elevadas de
comunhão para o futuro.
Não podemos transformar o conforto da
tecnologia em armas mortíferas contra nós mesmos.
É tempo de buscarmos as primeiras coisas
primeiro. É tempo de realinharmos nossas prioridades de conformidade com a
prioridade de Deus.
É tempo de entender que devemos adorar a Deus, amar as pessoas e usar
as coisas em vez de amarmos as coisas, usar as pessoas e nos esquecermos de
Deus.
Pessoas valem mais do que coisas. Família é
mais importante do que sucesso. Relacionamento sadio na família, na igreja, no
trabalho e na escola é melhor do que a solidão na masmorra luxuosa da
sofisticada tecnologia contemporânea.
Deus não nos criou para a solidão, pois fomos
feitos à sua imagem e semelhança. Deus é Triúno e plenamente feliz em si mesmo.
As três pessoas da Trindade relacionam-se em perfeita harmonia.
O projeto de Deus é que vivamos em profunda
comunhão com ele e uns com os outros. A solidão é uma negação dessa semelhança
divina, uma conspiração contra essa vocação celestial, uma oposição radical
contra esse sublime desiderato.
Não somos apenas uma gota desse vasto oceano da
humanidade.
Não somos apenas um rosto sem nome no meio da multidão;
Somos alguém especial, criados de forma
especial, para um propósito especial, para vivermos de forma abundante,
maiúscula e superlativa a realidade bendita da comunhão íntima e profunda com
Deus, com a família e com a igreja.
Rev. Hernandes Dias Lopes
Por
Litrazini
Graça e
Paz
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