“Vocês são o sal da terra… Vocês são a luz do
mundo… Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas
boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus.” Mateus 5.13-16
Esse
texto muitas vezes é citado como se fosse um mandato para a igreja se engajar
em ativismo político – fazendo lobby, juntando eleitores, organizando protestos
e mobilizando o movimento evangélico para a atividade política. Recentemente
ouvi um líder evangélico bem conhecido dizer “precisamos fazer as nossas vozes
ouvidas pela urna eleitoral, ou não seremos sal e luz como Jesus mandou”.
Essa
visão é bem comum. Diga a frase “sal e luz”, e o evangélico típico vai começar
a falar de política como se por instinto e/ou reflexo.
Mas
olhe com atenção para a afirmação de Jesus dentro de seu contexto. Ele não
estava organizando um boicote, protestou ou campanha política. Ele estava chamando
seus discípulos para uma vida de santidade.
O
discurso do sal e luz é o parágrafo decisivo da introdução de Jesus ao Sermão
do Monte. Ele vem logo após as Bem-Aventuranças. Jesus vinha propondo
formalmente várias bênçãos para aspectos-chave de uma piedade autêntica.
O
que é mais notável nas Bem-Aventuranças é que as qualidades que Jesus abençoa
não são os mesmos atributos que o mundo normalmente considera dignos de louvor.
O mundo glorifica o poder e o domínio, a força física, o status e a classe.
Por
outro lado, Jesus abençoa a humildade, o pacifismo, a misericórdia, o choro, a
pureza de coração e até mesmo a perseguição por causa da justiça.
Coletivamente, essas qualidades estão no extremo oposto do poder político e
partidário.
Em
outras palavras, Jesus abençoou as pessoas que estavam dispostas a serem
oprimidas e desprovidas por causa da justiça – pacificadores, não protestantes;
pobres de espírito, não orgulhosos; pessoas que são perseguidas, não os
ambiciosos e pomposos.
Isso
é consistente com o ensinamento de Jesus por todo o Novo Testamento. Ele disse:
Jesus
os chamou e disse: “Vocês sabem que os
governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre
elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante
entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo;
como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida em resgate por muitos”. Mateus 20.25-28
Note,
mais ainda, que as afirmativas “Vocês
são o sal da terra” e “Vocês são a luz do mundo” são afirmações de fatos,
não imperativos. Ele não nos ordena que sejamos sal; Ele diz que somos sal e
nos alerta contra a perda do sabor. Ele não nos ordena que sejamos luz; Ele diz
que nós somos luz e nos proíbe de nos escondermos.
Jesus
estava dizendo que uma sociedade corrupta e manchada pelo pecado é abençoada e
influenciada para o bem pela presença da igreja quando os crentes são servos
fiéis de seu Mestre.
A chave para entender o que Jesus queria dizer
é o verso 16: “Assim brilhe a luz de
vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai
de vocês, que está nos céus”. A santidade pessoal, não o domínio político,
é o que leva os homens a glorificarem nosso Pai que está no céu.
O
sal tem muitas propriedades. Talvez a mais importante delas seja o de agir como
conservante. A carne crua pode ser curada e preservada com o sal. Cristãos em
meio ao mal e à sociedade decaída têm um efeito conservante e purificador
semelhante. Deus disse a Abraão que preservaria Sodoma do julgamento se
houvesse apenas dez justos lá – um pouco de sal – no meio deles.
O
sal também é anti-séptico, e pode ser usado no tratamento de ferimentos. Água
salgada é um bom remédio – apesar de dolorido – para bolhas e calos abertos.
Pode ser que haja um pouco dessa ideia também, na metáfora de Jesus.
A
presença dos crentes no mundo aflige a consciência dos incrédulos porque é um
doloroso lembrete de que Deus requer santidade e que o salário do pecado é a
morte.
Mas
o sal também dá sabor à comida, e causa sede – e eu acredito que essa é a
principal idéia que Jesus tinha em mente quando usou essa metáfora, por ele
fala do “sabor”. Lembre-se, Jesus havia acabado de abençoar aquele que “têm fome e sede de justiça” (v. 6), e
essa figura sugere que a presença de pessoas genuinamente piedosas na sociedade
terá um efeito natural de estimular o apetite por Deus e a sede de justiça.
A
presença de pessoas genuinamente piedosas na sociedade terá um efeito natural
de estimular o apetite por Deus
A
luz, é claro, simultaneamente, afasta as trevas e ilumina o que estiver ao seu
alcance. Quando deixamos corretamente nossa luz brilhar sobre os outros, eles
vêem nossas boas obras e glorificam a Deus.
Então
isso não tem a ver com poder político. Não tem a ver com organizar protestos
contra a impiedade. Não é sobre como podemos fazer a sociedade mais justa
através da legislação.
Tem
a ver com nosso viver. Tem a ver com demonstrar os mesmos traços que Jesus
abençoou nas Bem-Aventuranças. É assim que deixamos nossa luz brilhar, e é
assim que salgamos uma sociedade outrora apodrecida e sem gosto.
Autor:
Phil Johnson - Traduzido por Filipe Schulz - iPródigo
Por
Litrazini
Graça
e Paz
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