Nós evangélicos somos conhecidos por nossa obsessão
com virgindade. Não
me entenda mal – eu afirmo que é uma coisa boa e que honra a Deus permanecer
sexualmente puro antes do casamento (e durante e depois do casamento também).
Como pastor, quero ensinar às pessoas sob meu cuidado o valor de ter suas
primeiras experiências sexuais com seus cônjuges no leito matrimonial, não com
o par do baile de formatura no banco de trás do carro. Quero que meus filhos
valorizem a pureza sexual e entendam que luxúria não é amor, que o amor se
expressa por meio do autocontrole.
A virgindade é importante porque a pureza sexual é
importante porque Deus disse que é importante, mas ela não é a maior das
virtudes. Não
é a medida de piedade de um rapaz ou de uma moça. Não é o alvo ou a medida da
uma vida cristã.
Essa obsessão evangélica com virgindade se manifesta
em conferências jovens onde uma flor é passada pelo salão, de mão em mão, até
que o preletor a receba de volta e mostre-a a todos, quebrada e manchada,
questionando “quem vai querer uma rosa como essa?”. Os jovens olham e dizem “eu nunca ia
querer uma rosa assim”. Mas há aqueles poucos que silenciosamente desviam o
olhar e se entristecem, porque eles são essa rosa. E assim aprendem que foram
estragados e que seu valor foi jogado fora (e como Matt Chandler nos lembra, Jesus quer a rosa!).
Essa obsessão se manifesta no curso
pré-nupcial, onde rapazes que gastaram sua juventude olhando milhares de
imagens pornográficas, de alguma forma, se imaginam em uma vantagem moral em
relação à moça que fez sexo uma vez com um namorado. Afinal de contas, ele é
virgem e ela não. É ela quem tem que buscar o perdão dele por ter entregado a
outra pessoa o que era dele por direito.
Ela se manifesta nos jovens que fazem perguntas sobre
a “virgindade técnica”, como se realizar certos atos sexuais
incompletos é de alguma forma menos sério ou moralmente menos significante do
que ir até o final. “Então
tudo bem, ainda sou virgem!”.
Essa obsessão com virgindade mede
muitas coisas erradas, levanta muitas perguntas erradas e dá muitas respostas
erradas.
Não apenas isso, mas essa obsessão causa muita dor. Elevar a virgindade ao
primeiro lugar entre as virtudes machuca aqueles que foram criados na
disciplina e instrução do Senhor, que foram genuinamente salvos, que estavam
conscientes, mas escolheram ignorar o bom mandamento de Deus. Eles podem se
sentir com se tivessem pecado de forma irreversível, que esse foi mais grave de
todos os pecados, que foram relegados a uma subclasse de cristãos e que só
serão capazes de desapontar o futuro cônjuge.

É particularmente doloroso para aqueles cuja
virgindade lhes foi tirada, que foram participantes sem consentimento de abuso
ou de estupro. Eles
podem se sentir estragados, como se tudo que tivessem a oferecer lhes tivesse
sido brutal e insensivelmente tirado, e agora carregam um status inferior no
casamento.
Deus não olha para seu povo e os divide entre
não-virgens e virgens, estragados e não estragados, violados e puros. Ele não vê duas classes de
pessoas: aqueles que esperaram para experimentar o sexo dentro do casamento e
os que não o fizeram. Então por que nós assim fazemos? Por que ficamos
obcecados com quem experimentou sexo e que não, como se isso fosse uma questão
de absoluta importância? Por que esse é o pecado, de todo o grupo imenso de
pecados, que marca para sempre uma pessoa, que muda para sempre seu status?
Toda essa obsessão com virgindade
deixa passar a chave do Novo Testamento, a chave do evangelho. Quando Paulo
escreve à igreja de Corinto, ele aborda especificamente o pecado sexual
juntamente com uma grande variedade de ofensas contra Deus. Ele se refere aos
adúlteros, aos efeminados e aos sodomitas, e ao final ele diz “Tais fostes alguns de vós; mas vós vos
lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor
Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”. A palavra-chave aqui é fostes.
Tais fostes alguns de vós. Alguns de vós fostes essas
coisas, mas então Deus os lavou. Vocês eram assim, mas vocês foram
santificados. Vocês eram essas coisas, mas fostes justificados. E
agora vocês já não são essas coisas. Sua imoralidade sexual foi
pesada sobre Cristo, e ele levou sobre si a vergonha, a culpa e a punição por
ela.
Paulo nos diz que, aos olhos de Deus, somos todos
santos. Por
meio de Cristo nós somos todos redimidos, perdoados, feitos novos, purificados.
Em Cristo, somos todos virgens.
Tim Challies/Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo
Por Litrazini
http://www.kairosministeriomissionario.com/
Graça e Paz
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