Misericórdia
é inclinar o coração na miséria do outro. Mas, quem é esse outro? Pode ser um
membro de nossa família. Pode ser um membro da igreja que frequentamos. Pode
ser um cristão ou um não cristão com quem não nos relacionamos. Pode ser até
mesmo um inimigo. Embora, nossa ação misericordiosa tenha círculos de
prioridade, estende-se ao fim, a todos, sem distinção e sem exceção.
Eis
o ensino do apóstolo Paulo: “Por isso,
enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos
da família da fé” (Gl 6.10). Pensar que a misericórdia deve ser endereçada
apenas à família de sangue ou aos domésticos da fé é uma limitação grotesca da
vida cristã e um reducionismo sem fundamento da prática do amor ao próximo.
Jesus
estendeu sua ação misericordiosa aos estrangeiros, aos endemoninhados, aos
enfermos, aos leprosos, às mulheres, às crianças, aos publicanos e aos
pecadores. Os apóstolos curaram um homem paralítico na porta do templo sem
antes investigar se ele fazia parte da comunidade dos salvos. Na parábola do
“Bom Samaritano” Jesus deixa claro que os religiosos, presos aos seus preceitos
legalistas, passaram de largo e deram mais valor aos ritos sagrados do que a
assistência a um homem ferido (Lc 10.31,32).
O
desprezado e nada ortodoxo samaritano foi quem socorreu o moribundo e o tirou
da zona de perigo (Lc 10.33-35). No dia do juízo, Jesus disse que seremos
julgados pela omissão de sonegar pão, água, vestes, abrigo e cuidado aos que,
necessitados cruzaram o nosso caminho (Mt 25.31-46).
Jesus
profere aqui uma bem-aventurança aos misericordiosos (Mt 5.7), aqueles que
buscam razões para socorrer o aflito em vez de buscar subterfúgios para passar
de largo. Os misericordiosos são aqueles que dedicam tempo aos necessitados,
ajuda-os em suas necessidades e assiste-os em suas aflições.
Os
misericordiosos são aqueles que fazem o bem a todos, independentemente de sua
crença, de sua raça e de sua condição social. O preceito do evangelho é dar pão
a quem tem fome, ainda que este seja nosso inimigo. O apóstolo Paulo escreve: “… se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de
comer; se tiver sede, dá-lhe de beber…” (Rm 12.20). E acrescenta: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o
mal com o bem” (Rm 12.21). Jesus falou de oferecer um banquete a quem não
pode nos retribuir. É expressar bondade àqueles que, esquecidos dos homens,
podem revelar para nós o próprio rosto de Jesus. Quando fazemos o bem a um dos
pequeninos famintos, sedentos, nus, doentes ou forasteiros, fazemos ao próprio
Senhor Jesus (Mt 25.40).]
A
misericórdia abençoa não apenas aqueles que por ela são contemplados, mas,
também, e principalmente, aqueles que a exercem. Jesus ensinou que “mais bem-aventurado é dar que receber” (At
20.35). A alegria de ajudar é maior do que a alegria de ser ajudado. A
recompensa de dar é maior do que a alegria de receber.
Quando
exercemos misericórdia imitamos aquele que é o Misericordioso por excelência.
Quando inclinamos nosso coração à miséria do nosso próximo, isso traz glória ao
nome de Deus no céu e gratidão a Deus na terra (Mt 5.16).
Mas
Jesus conclui, dizendo que os misericordiosos alcançam misericórdia. Eles
colhem o que semeiam. Eles recebem o refluxo do seu próprio fluxo. Eles bebem
da própria fonte que deles jorrou. Eles comem do mesmo fruto cuja semente foi
plantada na seara do amor.
Oh,
quão felizes são os misericordiosos! Oh, quão benditas são as mãos que se
estendem para o socorrer! Oh, quão suave, como aroma, sobe ao trono de Deus no
céu, as ações da misericórdia na terra!
Deus
está mais interessado no exercício da misericórdia do que no legalismo
religioso (Mt 12.7). Deus dá mais valor ao ser humano do que a rituais. Esse
valor foi eloquentemente demonstrado, não com palavras de fogo escritas nas
nuvens, mas esculpida na cruz do Calvário, quando Deus não poupou a seu próprio
Filho, antes por todos nós o entregou (Rm 8.32)!
Hernandes
Dias Lopes
Por
Litrazini
Graça
e Paz
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