A
ineficácia e a precariedade do sacrifício de animais como oferta pelo pecado na
velha aliança seriam corrigidas com o sacrifício daquele que João Batista chama
de "o Cordeiro de Deus, aquele que
tira o pecado do mundo" (Jo 1.29, CNBB).
Uma
vez que é impossível eliminar os pecados com sangue de touros e de bodes, como
se fazia provisoriamente no sistema levítico, Jesus, ao entrar no mundo,
declara: "Eis-me aqui, ó Deus, para
fazer a tua vontade". Desse modo, Cristo remove (ou cancela, como está
na Nova Versão Internacional) o primeiro sacrifício (ou o primeiro culto, como
está na Edição Pastoral) para estabelecer o segundo (Hb 10.1-18). A Nova
Tradução na Linguagem de Hoje é mais direta:
"Deus acabou com todos os antigos sacrifícios e pôs no lugar deles o
sacrifício de Cristo". É em virtude deste único e perfeito sacrifício que
o pecador pode ser resgatado da vida inútil (1 Pe 1.18).
Quando
o plano de salvação pela graça de Deus, e não por obras, se concretizou,
começou a ser anunciado como boas notícias (Lc 2.10, 11). Eram de fato boas
notícias porque já havia outro plano de salvação, que não contava com a misericórdia
nem com o perdão de Deus.
Esse
plano, nascido na Índia cerca de mil anos antes de Cristo, quando Davi era rei
em Israel, ensina que a salvação é obtida sem nenhuma ajuda externa: "O
indivíduo faz o mal por si mesmo, sofre por si mesmo, deixa de fazer o mal por
si mesmo e é purificado por si mesmo".1 Esse processo de auto-redenção é
demorado e exige muitas vidas, neste ou em outros planetas. Depende, portanto,
de inúmeros renascimentos ou reencarnações.
Na
época de Jesus já havia três grandes religiões desprovidas de boas notícias: o
hinduísmo (desde o século 10 a .C.),
e o jainismo e o budismo (ambas desde o século 6 a .C.).
Enquanto
o plano de salvação pela graça de Deus tomou conta do Ocidente, o plano de
salvação pelo esforço humano se fixou no Oriente. Mas, a partir da segunda
metade do século 19, a
doutrina da reencarnação começou a tomar corpo na Europa (com o espiritismo de
Allan Kardec na França) e na América (com o teosofismo de Helena Blavatsky e
Henry Olcott nos Estados Unidos). Em seu livro A Doutrina Secreta, Blavatsky
afirma que a doutrina básica da filosofia esotérica não admite privilégios,
"exceto os conquistados pelo ego, através do esforço pessoal e mérito,
mediante uma longa série de metempsicoses e reencarnações".2
O
século 20 marcou o surgimento e a expansão de várias outras religiões
reencarnacionistas, que pretendem fechar o cerco contra o plano da salvação
contido no versículo mais conhecido da Bíblia: "Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho
unigênito, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida
eterna" (Jo 3.16, EP).
Além
do hinduísmo, do jainismo, do budismo, do rosacrucianismo (desde o século 14),
do sikhismo (desde o século 15), do espiritismo e do teosofismo, temos hoje a
umbanda, o racionalismo cristão (1910), a antroposofia (1913), a Seicho-no-ie
(1930), a Igreja Messiânica (1935), a brasileira Legião da Boa Vontade (1950),
a cientologia (1955), a meditação transcendental (1968), a Igreja Internacional
da Sabedoria Eterna (1962), o Hare Krishna (1965) e outras.
Unindo
e cobrindo essas religiões e outros movimentos esotéricos, existe um enorme
guarda-chuva, que se chama Nova Era. A Nova Era compete abertamente com a
herança judaico-cristã e prega a necessidade de "libertarmo-nos dos restos
do cristianismo para que, finalmente, os homens, seguindo uma super religião
mundial, possam viver juntos em harmonia".3 A intenção não vedada da
Nova Era é substituir os símbolos cristãos (o peixe, a cruz, o alfa e o ômega,
entre outros) por seus próprios símbolos (o arco-íris, a fita entrelaçada, o
yin-yang, o unicórnio etc.).
Ora,
tal situação mostra-nos claramente que o maior desafio teológico que temos pela
frente é não perder de vista o Cordeiro de Deus. Para tanto, é preciso
"fixar bem a mente em Jesus, o apóstolo e sumo sacerdote da fé que
professamos" e "dar maior atenção à mensagem que ouvimos, para não
nos desviarmos" (Hb 3.1 e 2.1, CNBB).
Notas
1 Mather, George A. e Nichols, Larry A. "Dicionário de religiões, crenças e ocultismo." São Paulo: Vida, 2000. p. 63.
1 Mather, George A. e Nichols, Larry A. "Dicionário de religiões, crenças e ocultismo." São Paulo: Vida, 2000. p. 63.
2
In: Mather, George A. e Nichols, Larry A. "Dicionário de religiões,
crenças e ocultismo." São Paulo: Vida, 2000. p. 446.
3
In: Wilges, Irineu. "Cultura religiosa." Petrópolis: Vozes, 1994. p.
201.
Transcrito
Por Litrazini
Graça
e Paz
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