A estrela de seis pontas já foi alvo de inúmeras idéias. Chamado por
muitos neo pentecostais de símbolo ocultista, símbolo satânico, símbolo maçom,
enfim, sempre atrelado ao conceito de profano ou demoníaco, como quase tudo na
história que está relacionado com o povo judeu. Isso na verdade é uma espécie
de anti-semitismo velado.
Para o judeu a estrela de Davi ou Magen David é um símbolo sagrado e
está relacionado com o conceito de que as seis pontas representadas no desenho
simbolizam o governo de Deus em todas as direções: Norte, Sul, Leste, Oeste,
Céu (Acima), Terra (Embaixo).
Esse símbolo é visto na maioria das sinagogas, está representado na
bandeira da nação, e em vermelho nas ambulâncias de Israel. Além de mezuzas,
kipás, menorás, talit’s, e outros utensílios da cultura judaica.
Este símbolo apareceu primeiramente ligado aos judeus já na Era do
Bronze - no século IV a.C. - num selo judaico achado na cidade de Sidon. Ele
também aparece em muitas sinagogas antigas na terra de Israel datadas da época
do Segundo Templo e até mesmo em algumas depois de sua destruição pelos
romanos.
O rabino Henry Sobel dá uma definição muito interessante sobre o
hexagrama de Davi, vejamos: “A Estrela de David consiste de dois triângulos
superpostos em direções opostas. Os vértices do primeiro triângulo representam
os três pilares da nossa fé: Deus, Homem e Povo. O segundo triângulo
corresponde aos três grandes momentos da nossa história: Criação (passado),
Revelação (passado que prossegue no presente) e Redenção (futuro). O primeiro
triângulo simboliza a fé judaica; o segundo - a história judaica. Juntos
constituem a essência dos nossos ideais.”
É verdade que a estrela de Davi foi um triste símbolo do holocausto, mas
o fato de outras culturas, seitas e ocultistas terem se utilizado deste
símbolo, não significa que devemos desqualifica-lo. Seria como desqualificar a
língua portuguesa inteira porque ela é usada em invocações de demônios pelo
sacerdote em um culto de magia negra.
Uma coisa não anula a outra, o fato de terem tomado para si a Magen
David em outras culturas, não a desqualifica, não tira o seu significado e nem
mesmo a sua característica na tradição judaica.
Existem inúmeras provas arqueológicas datadas dos primeiros séculos, que
trazem consigo o que é chamado de “selo messiânico”. Muitos destes utensílios
como vasos, jarras, etc, foram encontrados em grutas próximas do monte Sião, e
este símbolo é composto de três partes: A menorá, a estrela de Davi, e o peixe.
Isso resgata a judaicidade e tradição judaica dos primeiros cristãos para o
desenvolvimento das primeiras igrejas.
Lembremos que os primeiros cristãos da história foram judeus, e estavam
atrelados a cultura e a tradição judaica.
Infelizmente muitos evangélicos, a cada dia criam novas teorias para
colocar outros cristãos em contramão com a judaicidade bíblica. Baseados em
livros de pseudo-autoridades eclesiásticas, sem um estudo histórico profundo e
sério, reproduzem falas ou textos, sem nenhuma análise exegética ou histórica.
Estão buscando respaldo em livros oculistas para fazerem suas afirmações.
Porém na minha opinião, não creio que seja errado usar uma estrela de
Davi. Seja como pingente, numa camiseta ou um adesivo no carro. O fato é que
este símbolo representa para nós, cristãos, a história do povo judeu, e nada
além disso. Ele não é místico em si e nem carrega qualquer “carga” espiritual.
Para muitos judeus este símbolo é sacrosanto, pois ele tem uma relação
muito mais estreita com o Judaísmo do que com o Cristianismo, para os cristãos,
a Cruz é o símbolo máximo da nossa fé.
Ao usar um estrela de Davi, uma menorá ou um crucifixo, não profano a
minha fé nem me torno um idólatra, apenas reconheço que o mesmo Deus revelado
no AT, de maneira simbólica, revelou-se no NT na pessoa de Jesus de Nazaré, um
judeu, que nos ensinou que a verdadeira fé não está em “coisas”, mas na sua
pessoa e no seu ato sacrificial por nós. A Ele toda a Glória!
Bruno dos Santos
Por Litrazini:
Graça e Paz
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